Pinochet escondeu dinheiro nos EUA

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Publicado quarta-feira, 16 de março de 2005 as 09:38, por: CdB

O ex-ditador chileno Augusto Pinochet usou uma complicada rede de mais de 100 contas de bancos nos Estados Unidos, incluindo 63 no Citigroup, para esconder e lavar pelo menos 15 milhões de dólares, segundo mostra um relatório do Senado norte-americano que será divulgado nesta quarta-feira.

O Subcomitê Permanente de Investigações do Senado norte-americano disse que o uso do sistema financeiro dos EUA por Pinochet para esconder fundos vai além de suas contas no Riggs Bank, que admitiu não ter reportado transações suspeitas e por isso pagou uma multa criminal.

As atividades de Pinochet também envolveram contas no Banco de Chile e no Banco Espirito Santo, disse o relatório do Senado. Também foram encontradas contas e transações relativas ao caso em outros cinco bancos, incluindo o Bank of America, diz o relatório. Nenhum dos bancos retornou de imediato as ligações para comentar.

A maior parte das contas no Citigroup, maior empresa do mundo de serviços financeiros, eram administradas pelo Citibank Private Bank, diz o relatório.

– Nova informação mostra que a rede de contas de Pinochet nos EUA era muito maior, foi muito mais além e envolveu mais bancos do que se divulgou anteriormente – disse o senador Carl Levin, de Michigan, principal democrata do painel.

– Alguns bancos o ajudaram ativamente a esconder os fundos, outros não cumpriram as regulamentações dos EUA que exige que os bancos conheçam seus clientes – disse ele nesta terça-feira.

O relatório mostra que o relacionamento de Pinochet com o Riggs era mais próximo do que se pensava. Em vez das nove contas relacionadas, ele teve 28 durante 25 anos, e não oito. O Riggs, unidade da Riggs National Corp., também abriu contas para oficiais militares chilenos que foram usadas para canalizar 1,7 milhão de dólares para contas relacionadas a Pinochet, disse o comitê.

As primeiras contas no Citigroup foram abertas em 1981 e a companhia identificou 63 contas nos EUA e certificados de depósitos abertos para Pinochet e sua família em Nova York e Miami entre aquele ano e 2004, disse o subcomitê do Senado. Destas, 15 foram abertas para Pinochet durante 14 anos e outras 19 foram abertas no nome de membros de sua família.

O Citigroup também ajudou membros da família a organizar transferências internacionais e estabelecer empresas em paraísos fiscais. O banco emitiu cartões de crédito e fez empréstimos para diversos parentes, segundo a investigação do Senado.

Levin disse que o Citigroup não fez o suficiente para determinar a verdadeira identidade de seus clientes e fontes de fundos.

– Acreditamos que o fracasso do Citibank em determinar quem eram os clientes viola as políticas internacionais e exigências gerais de regulamentações, mas não regulamentações específicas – disse Levin.