Pezão se diz ‘chateado’ com acusações de delator na Lava Jato

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Publicado sábado, 14 de março de 2015 as 17:16, por: CdB
Para Luiz Fernando Pezão, o governo já avançou na despoluição da Baía de Guanabara
Para Luiz Fernando Pezão, a inclusão de seu nome na lista da Lava Jato é ato político

Governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB) voltou a afirmar, neste sábado, que a denúncia contra ele feita pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e que deu origem a uma investigação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem motivações políticas. Pezão aponta o senador petista Lindberg Farias como principal suspeito pela articulação. Em entrevista à agência inglesa de notícias Reuters, noite passada, Pezão negou que tenha se beneficiado do esquema de desvio de recursos da estatal. Ele será investigado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro após abertura de inquérito do STJ.

– Começo a achar que é uma denúncia política. Ele (Costa) foi coordenador de campanha do Lindberg; foi arrecadador da campanha dele. Só pode ser política – afirmou Pezão.

Lindberg foi candidato ao governo do Rio no ano passado, e no segundo turno apoiou o candidato Marcelo Crivella (PRB), adversário do governador eleito Pezão. Procurado por repórteres, o senador petista não foi encontrado para comentar o assunto. O senador petista está entre os 47 políticos denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) suspeitos de terem se beneficiado do esquema de desvio de recursos da Petrobras, desvendado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa é o autor das denúncias que, em delação premiada, apontam o ex-governador do Estado Sérgio Cabral (PMDB) e o atual governador, Pezão, como beneficiários de R$ 30 milhões de reais desviados da Petrobras para abastecer a campanha eleitoral de 2010. Na época, Cabral foi reeleito e Pezão era o vice. As acusações foram negadas por ambos. Pezão afirmou que está tranquilo, mas “chateado” com a acusação que deu origem à investigação.

– Meu sentimento é de ter sido julgado e condenado sem ter o direito de me defender. Depois que eu vi a delação e recebi em mãos, é algo muito estranho, já que veio de um cara que foi coordenador de campanha do meu adversário. Vejo um movimento político. Estou sendo enxovalhado por conta de uma reunião que não houve – afirmou.

Pezão é aliado do governo federal desde o mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O acordo previa apoio do PMDB fluminense ao governo que, em troca, abriria mão da candidatura própria nas eleições locais. No ano passado, o PT do Rio de Janeiro “rompeu” a aliança ao lançar a candidatura de Lindberg, mas mesmo assim Pezão manteve apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff. A estratégia de defesa de Pezão começou a ser construída neste sábado, com base em consultas feitas ao seu partido, procuradores do Estado e os demais acusados – Cabral e o ex-chefe da Casa Civil estadual Régis Fichtner.

– Estou vendo com eles o que fazer. Não tenho nem advogado… não tenho ideia se posso ter advogado separado ou se tem que ser uma defesa tríplice – disse Pezão.

Pessoas próximas à campanha do petista revelaram que Costa participou de reuniões abertas em que se discutiu o plano de governo para o setor de energia, mas não confirmaram a atuação do ex-diretor da Petrobras como arrecadador ou coordenador da campanha.