Ataques de guerrilheiros do Sendero Luminoso em áreas remotas do Peru representam uma nova ameaça ao país, traumatizado por duas décadas de ações do grupo, segundo declarações de analistas e políticos feitas na quinta-feira.
– O terrorismo do Sendero Luminoso reaparece como a ameaça mais séria à nossa democracia – disse a jornalistas Alan Garcia, ex-presidente do país, nesta quinta-feira, depois de reunir-se com a nova primeira-ministra peruana, Beatriz Merino.
Garcia, que ocupou a Presidência de 1985 a 1990, mencionou os ataques rebeldes que têm sido amplamente noticiados pela imprensa, além de uma emboscada feita a uma patrulha militar na semana passada que deixou um soldado morto.
Funcionários do governo descrevem o grupo hoje como uma sombra do que já foi, contando apenas com algumas centenas de militantes mal armados, escondidos na floresta. Para os analistas, o governo estava subestimando a importância das ações do grupo.
– Não são resquícios do Sendero Luminoso nem eventos isolados. São ações coordenadas de um Sendero Luminoso que se transformou – disse Jaime Antesana, sociólogo que estuda o grupo, ao Canal N de televisão, na quarta-feira.
O ministro do Interior do Peru, Alberto Sanabria, declarou na quinta-feira que o governo está preocupado com a situação e não a está subestimando.
– Sabemos o que está acontecendo. Estamos fazendo reuniões constantes para coordenar a ação nessas áreas.
Para se ter uma idéia do aumento das atividades da organização rebelde, basta tomar como base dados coletados pela organização não-governamental Consejo de la Paz, que acompanha as atividades do grupo. Em maio e junho ocorreram 63 ataques, segundo a organização, enquanto em todo o ano de 2002 foram 163.