Partidos e a inevitável corrupção

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Publicado domingo, 26 de outubro de 2014 as 15:00, por: CdB
Colunista argumenta que com tantas partidos políticos a corrupção será sempre inevitável no Brasil
Colunista argumenta que com tantas partidos políticos a corrupção será sempre inevitável no Brasil

O Brasil caminha para mais uma eleição presidencial dentro de um sistema político que torna a corrupção inevitável.

O célebre “jeitinho” que nos infelicita resultou na criação de um extraordinário número de partidos cuja função precípua é a de negociar apoio aos governos eleitos em troca de favores e vantagens.

Quantos partidos politicos há no Brasil?

Sou do tempo em que havia quatro partidos politicos: um de extrema-esquerda, o PCB (declarado ilegal), um de esquerda, o PTB, um de centro, o PSD, e um de direita, a UDN.

Já sei que algum leitor enviará um comentário dizendo que sou velho e perdi neurônios.

Está mal informado, não pelo número de meus neurônios, mas porque neurônios não são perdidos com a idade. Ruim é você já ter poucos, na juventude.

A propósito, um bom conselho foi dado por Nélson Rodrigues aos jovens: “Envelheçam”.

A Internet nos informa que há 32 partidos políticos no Brasil. Como é clara a impossibilidade de 32 ideologias distintas, temos que deduzir que a única causa que os separa é a luta por cargos.

O pior é que, segundo leio, há outros partidos em formação, aguardando registro junto ao Tribunal Superior Eleitoral.

Outra observação que me permito: nenhum atual partido politico no Brasil se define como de “direita”.

Poderia alguém imaginar a existência de 32 ideologias diversas divididas apenas entre partidos de “centro” e de “esquerda”?

Charles de Gaulle disse na década de 50 que era impossível governar um país como a França, com mais de 300 tipos de queijo.

Se soubesse que hoje no Brasil há 32 partidos politicos e alguns outros à espera de registro, repetiria sua velha (e controvertida) frase de que não somos um país sério.

Assim chegamos à situação em que a presidente Dilma Rouseff é obrigada a confessar em entrevista que “realmente houve desvio de dinheiro na Petrobrás.”

É um desvio inevitável, pois Paulo Roberto Costa, como muitos outros burocratas, foi colocado em posição de mando por um pequeno partido integrante da coalizão com o PT e a primeira lição de sobrevivência para tais pequenos partidos é arrecadar fundos para que a coalizão, através do carro-chefe que é o PT, se eternize no poder.

Parece-me que um sistema político como o americano funciona bem melhor. Há no momento, entre Congresso e Casa Branca, um partido no poder, o Democrata, um partido na oposição, o Republicano, e dois congressistas independentes.

José Inácio Werneck, jornalista e escritor, trabalhou no Jornal do Brasil e na BBC, em Londres. Colaborou com jornais brasileiros e estrangeiros. Cobriu Jogos Olímpicos e Copas do Mundo no exterior. Foi locutor, comentarista, colunista e supervisor da ESPN Internacional e ESPN do Brasil. Colabora com a Gazeta Esportiva. Escreveu Com Esperança no Coração sobre emigrantes brasileiros nos EUA e Sabor de Mar. É intérprete judicial em Bristol, no Connecticut, EUA, onde vive.

Direto da Redação é um fórum de debates, editado pelo jornalista Rui Martins.