Para Lula, relações Brasil-China criam nova geografia comercial

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Publicado quinta-feira, 27 de maio de 2004 as 15:10, por: CdB

No encerramento de sua visita à China nesta quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou um recado aos empresários chineses: o Brasil voltou a crescer e está pronto para receber investimentos estrangeiros. Ele fez questão de reforçar que o fortalecimento das relações entre China e Brasil cria uma nova “geografia comercial” pronta a enfrentar a supremacia dos países ricos.

O presidente se reuniu com representantes de 18 grandes empresas chinesas em Xangai. Durante um café da manhã reservado, disse que, nesta nova fase de relacionamento entre os dois países, interessa ao Brasil comprar e vender.

Estavam presentes empresários dos setores de mineração, telefonia, logística, madeira, máquina e equipamentos, distribuição de alimentos, equipamentos elétricos, produtos eletrônicos e farmacêuticos.

Durante o encontro, Lula e os ministros Guido Mantega (Planejamento) e Antônio Palocci (Fazenda) responderam dúvidas dos empresários chineses sobre oportunidades de negócios no Brasil.

“Os chineses reclamaram que faltam informações sobre o Brasil, mas isso está sendo resolvido… O importante é salientar que o interesse entre as duas partes é proporcional, ou seja, eles têm tanto interesse no Brasil quanto o Brasil tem de negociar com eles”, disse o diretor-geral do departamento de promoção comercial do Itamaraty, Mário Vilalva, que participou do encontro.

Para o assessor de assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, a viagem de Lula foi importante porque deu uma “sinalização política” de que “existe uma complementariedade entre os dois países” em várias áreas.

Garcia confirma que os próximos “alvos” do presidente Lula são a Rússia e o Japão. Com o primeiro, espera estreitar relações diplomáticas para fortalecer o G-20 (grupo de países em desenvolvimento que luta contra os subsídios agrícolas dos países ricos). Já com o Japão, país que visita no início do ano que vem, espera retomar relações comerciais mais prósperas, como as de 30 anos atrás.

NEGÓCIOS FECHADOS

Para os integrantes da comitiva brasileira, a viagem teve sucesso comercial. Entre os negócios fechados, destacam-se os investimentos que devem ser direcionados para a área de infra-estrutura, como os 4 bilhões de dólares do grupo chinês Citic (China International Trust & Investment Corporation).

Os representantes do Citic –gigante estatal que possui verba para investimentos no exterior de cerca de 100 bilhões de dólares– não falam em números, mas o total destinado ao Brasil foi confirmado pelo embaixador na China no Brasil, Jiang Yuande.

O Citic deve atuar no Brasil em parceria com o banco Brasilinvest e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

“Houve uma coordenação do governo neste sentido, os projetos serão coordenados pelo Ministério do Planejamento”, disse à Reuters Mário Garnero, presidente do Brasilinvest. Os primeiros investimentos do grupo chinês devem se concentrar na construção da ferrovia Norte-Sul e na modernização do porto de Itaqui, no Maranhão. Ainda não há previsão para o início das obras.

Outros negócios de peso foram fechados pela Petrobras com a similar chinesa Sinopec e pela Vale do Rio Doce com a Baosteel. Apenas a Vale fechou negócios de cerca de 5 bilhões de dólares.

A joint-venture da Embraer com parceiros chineses pretende vender este ano oito aeronaves de 50 lugares para atender o mercado regional. Além disso, nesta semana, a empresa negociou a venda de um Legacy, de 13 lugares, por 21,5 milhões de dólares. “Esse é um mercado promissor na China, o de pequenos aviões, existem muitas possibilidades de expansão”, disse à Reuters o presidente da empresa, Maurício Botelho.

SOJA E URÂNIO

Já a soja e o urânio foram responsáveis pelos momentos de tensão da viagem presidencial à China. No primeiro caso, o envio de navios com produto contaminado causou indignação das autoridades chinesas e preocupação no Ministério da Agricultura brasileiro.

“Os chineses são