O Papa João Paulo II receberá no próximo dia 4 de junho o presidente dos EUA, George W. Bush, a quem vai reiterar sua postura contrária à violência e dirá que a luta contra o terrorismo não pode ser ‘apenas repressiva’, mas é preciso ir às causas, informou o cardeal Pio Laghi ao ‘Corriere della Sera’.
Laghi foi núncio apostólico em Washington entre 1980 e 1990 e enviado especial do Papa no último ano para convencer Bush a não recorrer à guerra no Iraque.
”Estamos à beira do abismo e é preciso se deter. Vemos isso no horror encadeado das torturas dos prisioneiros iraquianos, a decapitação do refém americano e os corpos dos soldados israelenses. Em nome da humanidade, detenha-se, é o grito da Igreja”, disse Laghi, acrescentando que os EUA têm de voltar ‘à família das nações e vencer a tentação de fazer as coisas sozinho’.
O Pontífice insistirá a Bush que a luta contra o terrorismo não pode ser apenas repressiva e punitiva, mas se deve partir das causas.
O cardeal disse que, depois do início da guerra, temia o aumento do terrorismo, mas nunca que se chegasse aos massacres, às torturas. E afirmou que, com as torturas, caiu uma mancha na bandeira dos Estados Unidos, ‘que espero seja lavada imediatamente’.
Laghi manifestou que bombardear mesquitas, entrar nas cidades santas e colocar mulheres soldados em contato com homens nus é algo incompreensível para o mundo islâmico e, por isso, é necessário ‘construir pontes com o Islã’.