O papa João Paulo II disse neste sábado, na França, que a Igreja Católica pode ajudar o país a alcançar os ideais com o qual sempre se identificou para o bem de todo o mundo. O papa fez os comentários ao chegar para dois dias de peregrinação ao santuário de Lourdes, salientando as diferenças entre o Vaticano e o governo da França depois de ter sido proibido o uso de símbolos religiosos nas escolas francesas. Em janeiro, o papa havia chamado essa iniciativa de um esforço de diminuir o papel da religião.
– A Igreja Católica deseja oferecer à sociedade uma contribuição específica para a construção de um mundo em que os grandes ideais de liberdade, igualdade e fraternidade possam formar a base da vida social, na busca incansável e promoção do bem comum – afirmou o papa ao presidente Jacques Chirac.
O presidente francês, que fortaleceu a política de separação da Igreja e do Estado, evitou dar qualquer indício de discordância, cumprimentando o papa como um “peregrino incansável…um pastor universal e um homem de paz”.
O ponto em comum entre o Vaticano e o governo francês foi a oposição ao ataque das tropas lideradas pelos Estados Unidos ao Iraque. Aos 84 anos, o papa aparenta mais fragilidade, em decorrência do mal de Parkinson e da artrite que o acometem, do que muitos dos peregrinos idosos ou doentes em Lourdes. Mesmo assim, João Paulo II leu com relativa clareza o discurso até o fim, num tom mais forte do que há alguns meses.
Funcionários do Vaticano disseram que o papa, que ficará em aposentos para peregrinos, foi a Lourdes como “um paciente entre outros pacientes” e não em visita de Estado.
O papa vai orar na gruta onde Santa Bernadete Soubirou teve visões de Maria, mãe de Jesus, em 1858, além de conduzir uma missa ao ar livre em que são esperados 300 mil fiéis neste domingo.