Pacotes com pedras preciosas abrem nova crise para Bolsonaro

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Publicado quinta-feira, 3 de agosto de 2023 as 14:42, por: CdB

A receptação do conteúdo ainda não avaliado, tecnicamente, mas na casa dos milhões de reais segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil junto a especialistas no setor de gemologia, ocorreu em Teófilo Otoni (MG), no ano passado.

Por Redação – de Brasília

Mensagens de e-mail interceptadas pela Polícia Federal (PF), no âmbito das investigações em curso sobre possíveis atos de corrupção no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), revelaram a existência de um “pacote contendo pedras preciosas” que desapareceu após ser recebido pelo ex-mandatário neofascista e a mulher dele, Michelle Bolsonaro.

Jandira Feghali
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) apurou a entrega de pacotes de pedras preciosas ao ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL)

A receptação do conteúdo ainda não avaliado, tecnicamente, mas na casa dos milhões de reais segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil junto a especialistas no setor de gemologia, ocorreu em Teófilo Otoni (MG), no ano passado. As informações chegaram à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). 

As trocas de mensagens entre militares vinculados à Presidência sugerem que esses presentes não foram oficialmente registrados. Dois e-mails, enviados pelos primeiros-tenentes do Exército Adriano Alves Teperino e Osmar Crivelatti, bem como pelo segundo-tenente Cleiton Henrique Holzschuk, os quais anteriormente atuaram como ajudantes de ordem no governo Bolsonaro, chegaram ao diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo (OESP).

Envelope

Os e-mails, intitulados “Passagem do Serviço Coordenação AJO/PR. Observações Eventuais”, apresentam listas numeradas com instruções para as atividades a serem realizadas pelos militares. A CPMI obteve esses e-mails, datados de 26 de outubro a 11 de novembro do ano passado.

A mensagem de 27 de outubro, às 18h21, é assinada por Cleiton Henrique Holzschuk, que à época era o coordenador administrativo da Ajudância de Ordens da Presidência da República. Nela, o militar compartilha as tarefas com seus colegas, e o item 36, chamado “Presente PR”, menciona as supostas pedras preciosas.

“Em 27/10/2022, foi guardado no cofre grande, 01(um) envelope contendo pedras preciosas para o PR (presidente da República) e 01 (uma) caixa de pedras preciosas para a PD (primeira-dama), recebidas em Teófilo Otoni em 26/10/2022. A pedido do TC Cid, as pedras não devem ser cadastradas e devem ser entregues em mão para ele. Demais dúvidas, Sgt Furriel está ciente do assunto”, diz o texto.

Excluídos

 O e-mail de 31 de outubro, às 18h58, é assinado por Osmar Crivelatti, hoje um dos assessores pessoais de Bolsonaro. Nele, as “pedras preciosas” são mencionadas no item 24 da “passagem de serviço”, indicando que outras tarefas listadas teriam sido concluídas.

A visita de Bolsonaro à cidade mineira, conhecida mundialmente pela produção de gemas preciosas e semi-preciosas, ocorreu em 26 de outubro do ano passado, durante o segundo turno da campanha eleitoral contra o agora presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O então candidato discursou em um comício ao lado de cabos eleitorais como o pastor Silas Malafaia e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

A CPMI do 8 de Janeiro obteve essas mensagens a partir da caixa de e-mails apagados do militar, que não havia excluído os itens desse canal de comunicação. A existência desse e-mail foi revelada pela deputada Jandira Feghali em sessão da CPMI realizada na terça-feira.

Sigilo

Segundo a parlamentar, ela obteve informações sobre as “pedras preciosas” após analisar mais de “mil e-mails” encaminhados à comissão. Segundo Feghali, “essas pedras nunca foram registradas nem como presente ao presidente da República e à primeira-dama nem em lugar nenhum”.

A deputada anunciou que solicitou a convocação de Osmar Crivelatti e Cleiton Holzschuk, os autores dos e-mails. Além disso, ela pretende denunciar o caso ao Tribunal de Contas da União (TCU), ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Polícia Federal (PF).

— Ele era presidente à época, então, presta contas ao TCU. Pedimos a quebra de sigilo da Michelle, do Bolsonaro e a movimentação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) dos dois. É importante determinar o montante de recursos envolvidos — concluiu Feghali.

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