P-SOL se lança oficialmente em São Paulo

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Publicado segunda-feira, 23 de agosto de 2004 as 09:38, por: CdB

O Partido Socialismo e Liberdade (P-SOL) já está em atividade na capital paulista, onde quer consolidar suas ações como verdadeiro partido de esquerda. Na última sexta-feira, houve um ato para cerca de 500 pessoas na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.

Participaram a senadora Heloisa Helena, presidente do partido, os deputados federais Luciana Genro (RS) e Babá (PA) e intelectuais fundadores do P-SOL, como o sociólogo Francisco de Oliveira e o filósofo Paulo Arantes.

O P-SOL foi oficialmente fundado em junho passado, por 750 representantes de 22 estados reunidos em Brasília. Mas, por enquanto, tem apenas registro provisório e não poderá participar das eleições municipais de outubro deste ano. Por exigência da nova Lei Eleitoral, a criação do novo partido depende da obtenção de 438 mil assinaturas de apoio – até agora foram coletadas 60 mil em todo o país (não se tratam de filiações, mas de assinaturas de apoio à existência do partido).

A deputada Luciana Genro enfatizou que a campanha pela legalidade é “de vida ou morte para o P-SOL”.

– A legislação eleitoral é uma legislação burguesia e antidemocrática que tenta impedir o surgimento de partidos populares, enraizados no movimento social. Temos certeza de que todos aqueles que são verdadeiramente socialistas, independente de serem ou não do P-Sol, vão assinar a nossa legalidade, vão respaldar o surgimento do nosso partido.

Em paralelo à campanha pela legalização, o P-SOL organiza-se em núcleos nos municípios e estados já com foco nas eleições presidenciais de 2006.

– Nosso partido vem para dizer que é possível um outro caminho. É possível enfrentar o imperialismo, é possível não governar de joelhos aos banqueiros , às elites econômicas, às oligarquias. Lamentamos que não podemos participar destas eleições, mas vamos nos apresentar em 2006 como uma alternativa de luta – disse Luciana Genro.

O deputado Babá foi ainda mais enfático:

– Queremos a legalização para disputar em 2006, quem sabe com a companheira Heloisa Helena como candidata a presidente.

Para os parlamentares, a Venezuela é um exemplo para o novo partido. Luciana e Babá estiveram naquele país acompanhando o referendo que confirmou o presidente eleito Hugo Chavez na presidência.

– O que aconteceu na Venezuela mostra que é possível organizar e mobilizar o povo pela governabilidade. Este é o exemplo que o P-SOL mais precisa invocar neste momento – resumiu Luciana.

A senadora Heloisa Helena foi a última a falar no ato de lançamento do P-SOL em São Paulo.

– Se alguns partidos e personalidades mudaram de lado, a eles não foi dado o direito de sepultar as bandeiras históricas da classe trabalhadora e as experiências lindas, bravas, valentes e maravilhosas que foram construídas por milhares de trabalhadores e militantes de esquerda que deram seu sangue, seu suor e suas lágrimas para construir estas bandeiras – discursou Heloisa Helena. – Essas bandeiras não pertencem ao PT, ao PCdoB e nem pertencerão com exclusividade ao novo partido. Elas pertencem a uma classe e temos obrigação de dedicar toda a nossa capacidade de trabalho e de luta para hastear bem alto estas bandeiras e para construir um abrigo para a esquerda socialista democrática.

Sobre a possibilidade de uma “degeneração ideológica” do novo partido no futuro, Heloisa Helena foi taxativa: “Se daqui a 20 anos eu estiver viva e estiver diante de um processo com o qual não mais me identifico, dedicarei novamente anos da minha vida para construir um abrigo para a esquerda que não se rende.”

Como parte do processo de estruturação dos núcleos do partido, no próximo dia 28 acontecerá um Encontro Estadual do P-SOL em São Paulo. O próximo Encontro Nacional do partido também já tem data marcada: acontecerá em janeiro de 2005, durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre.