ONU vai coordenar ajuda humanitária às vítimas do maremoto

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Publicado quinta-feira, 6 de janeiro de 2005 as 15:09, por: CdB

A cúpula sobre o maremoto outorgou à ONU a responsabilidade de coordenar a ajuda humanitária, aplaudiu a concessão de uma moratória da dívida às nações atingidas e resolveu criar um sistema de detecção de desastres naturais.

A determinação está na declaração final dos líderes asiáticos que encerraram nesta quinta-feira uma reunião extraordinária em Jacarta, com a presença do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, do presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, e do secretário de Estado americano, Colin Powell, entre outros.

As Nações Unidas será a organização encarregada de coordenar os fundos doados às 12 nações castigadas, todas elas banhadas pelas águas do oceano Índico.

A comunidade internacional prometeu quase cinco bilhões de dólares em ajuda de emergência e para projetos a médio e longo prazo dirigidos à reconstrução, fundamentalmente do norte da ilha indonésia de Sumatra e ao Sri Lanka, as zonas mais devastadas pelo maremoto.

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, manifestou que são necessários mais de 700 milhões de dólares só para as primeiras necessidades, já que há mais de 150 mil mortos, meio milhão de feridos, mais de meio milhão deslocados, e cerca de dois milhões de pessoas que necessitam alimentos, água e cuidados sanitários.

A diretora executiva do Unicef, Carol Bellamy, pediu um atendimento prioritário às crianças, não só fornecendo alimentos, mas também facilitando sua reunificação familiar, sua educação e sua proteção ante o risco de abusos.

O documento final da cúpula do maremoto solicita também às Nações Unidas que organizem uma conferência internacional para estabelecer a sustentabilidade da ajuda e explorar fórmulas para que os desembolsos sejam imediatos.

Annan lembrou que em tragédias anteriores governos que tinham prometido contribuições não cumpriram seus compromissos, mas disse acreditar que nesta ocasião não deve acontecer o mesmo.

Os líderes reunidos em Jacarta também insistiram que os fundos doados devem se dirigir com urgência às necessidades das vítimas e reiteraram a importância da reabilitação e dos programas de reconstrução.

Por enquanto, a comunidade internacional se comprometeu a desembolsar mais de quatro bilhões de dólares; a União Européia elevou hoje sua ajuda a dois bilhões.

Estas doações espontâneas ultrapassam amplamente os dois bilhões de dólares que a ONU solicitou à comunidade internacional nos seguintes dias à tragédia.

O diretor executivo do Fundo Monetário Internacional, Rodrigo Rato, ofereceu o apoio e a assessoria da instituição aos países atingidos.

Os líderes reunidos na capital indonésia para avaliar os efeitos do maremoto de 26 de dezembro aplaudiram ainda a decisão de alguns países de conceder uma moratória no pagamento da dívida externa às nações mais castigadas.

Estes países são Japão, Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha e França.

Na cúpula os doadores também se comprometeram a criar um sistema de detecção de desastres naturais na zona do Índico e do Sudeste Asiático, que se existisse antes teria evitado muitas mortes. Para isso tomarão como referência o mecanismo que já opera no Pacífico.

Por outro lado, por causa do desastre, os Estados Unidos suspendeu o embargo militar sobre a Indonésia desde 1999, quando o exército deste país, apoiado por milícias, semeou morte e destruição no Timor Leste depois do referendo de independência dessa nação.

Kofi Annan viajará amanhã para a província de Aceh, norte de Sumatra, onde morreram quase 100 mil pessoas e não há sinais de vida em pelo menos 240 quilômetros de litoral.