O Irã alertou ao Conselho de Segurança da ONU, neste domingo, que o colegiado se arrisca a agravar a disputa sobre a capacidade nuclear do país, ao pressionar Teerã a suspender seu trabalho de enriquecimento de urânio. Falando ao programa Late Edition, da CNN, o embaixador iraniano na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Aliasghar Soltaniyeh, disse que o Irã não vai se retirar do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares e que continuará a cooperar com o órgão mundial de monitoramento nuclear.
Mas afirmou que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que na semana passada aprovou por unanimidade uma declaração que pede ao Irã que suspenda seu trabalho de enriquecimento de urânio, está sendo “apressado” e deve se manter fora desse processo.
– A melhor ação para o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas é a inação, limitando-se a apenas tomar nota dos documentos que foram enviados ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, e deixar a AIEA fazer o seu próprio trabalho. Quanto mais o Conselho de Segurança das Nações Unidas se comprometer e envolver, mais se deteriorará a situação. E temos que evitar um confronto – disse Soltaniyeh.
O Conselho exortou o Irã a cumprir as resoluções da AIEA, inclusive a suspensão das atividades “relacionadas ao enriquecimento”, que podem fornecer combustível para usinas ou bombas atômicas. Pediu que a AIEA apresente um relatório sobre a situação em 30 dias. A decisão tomada pelo Irã em janeiro, de retomar o enriquecimento de urânio, levou Grã-Bretanha, França e Alemanha a romperem negociações de dois anos e meio realizadas entre Teerã e a União Européia (UE) e a apoiarem a exigência dos Estados Unidos de encaminhar o caso do Irã ao Conselho de Segurança.
Soltaniyeh pediu para a comunidade internacional deixar a AIEA fazer seu trabalho, afirmando que uma equipe do organismo, com sede em Viena, visitará o Irã na próxima semana. John Bolton, embaixador dos Estados Unidos nas Nações Unidas, disse em uma coletiva de imprensa em Doha que a ação do Conselho de Segurança da ONU fortalece o poder da AIEA.
– Achamos que é importante aumentar a pressão internacional sobre os iranianos para fazer com que repensem a política de tentar adquirir armas nucleares, tentando assim, alcançar uma solução pacífica e diplomática para esse problema. O que os iranianos fizerem nos próximos 30 dias, eu obviamente não posso prever, mas espero que pensem bastante agora que essa questão está sendo tratada pelo (Conselho de Segurança, sobre quais são os seus reais interesses nacionais, e tomem a decisão estratégica tomada pela Líbia – de que é melhor para eles não tentar obter armas nucleares do que tentar obtê-las – disse Bolton.
Soltaniyeh negou que o Irã tenha intenção de usar seu programa de enriquecimento para desenvolver armas e disse que o o país está aberto à negociação para resolver essa disputa internacional. Afirmou que a questão nuclear se tornou “refém” da política dos Estados Unidos e deve ser levada de volta à “atmosfera multilateral”.