ONU quer arrecadar US$ 35 mi para o Haiti

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Publicado terça-feira, 9 de março de 2004 as 18:30, por: CdB

A ONU instou nesta terça-feira diversos países doadores a responder imediatamente o chamado feito com urgência e que visa a arrecadar US$ 35 milhões para atender as necessidades básicas dos três milhões de haitianos nos próximos seis meses. O pedido, feito pelo subsecretário geral para Assuntos Humanitários e Coordenador de Ajuda de Emergência da ONU, Jan Egeland, tenta cobrir as necessidades básicas de 37% da população, especialmente do norte e noroeste do país, onde a interrupção da assistência chegou a níveis insustentáveis.

“A comunidade doadora deve responder de forma imediata e generosa a este chamado”, disse Egeland, que já contatou representantes dos 20 maiores países doadores do mundo, assim como das nações que formam a Comunidade do Caribe (Caricom).

Dos US$ 35 milhões desejados, cerca de US$ 9 milhões serão destinados à distribuição de alimentos, US$ 10 milhões à reabilitação dos serviços de saúde e o resto às escolas. Além disso, servirá para oferecer sementes e ferramentas a população que se dedica ao campo.

Egeland destacou que a União Européia, os EUA, o Canadá e a Noruega já se comprometeram a contribuir. Cuba e México, por exemplo, colaboram em outros aspectos, como o envio de médicos. O chamado de hoje soma-se ao que foi feito pela ONU em julho do ano passado, no qual pedia aos países doadores US$ 84 milhões. “Se conseguir arrecadar essa quantia, a ONU poderá realizar um trabalho importante no Haiti e ajudar a construir um futuro melhor para os haitianos”, destacou Egeland.

Até o momento, no entanto, as nações doadoras só aportaram 45% da quantidade devido à instabilidade política observada nesse país caribenho. A desconfiança em relação às instituições governamentais no Haiti, disse Egeland, foi uma dos motivos pelos quais houve pouca resposta da comunidade doadora em termos de arrecadação de fundos para ajuda humanitária.

“É um ciclo vicioso que deve ser rompido. Não podemos voltar a cometer os mesmos erros do passado. A missão humanitária deveria ter um alcance a curto prazo e deveria ser estabelecida a governabilidade das instituições e o respeito à lei a longo prazo”, destacou.

Egeland assinalou que atualmente trabalham no Haiti doze agências da ONU, entre elas o Programa Mundial de Alimentos (PMA), a Unicef, o Programa para o Desenvolvimento (PNUD) e o Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Ele ressaltou que a falta de segurança é um dos problemas que essas agências encontram para atender a população, assim como para a reestruturar a economia.

A insegurança e a violência que reina no Haiti, segundo explicou, provêm do acesso a armas de pequeno porte, que assim como as drogas, formam a maior parte da sub-economia, impulsionando os níveis de criminalidade, especialmente entre os jovens.

No Haiti, segundo as estatísticas da ONU, 50% da população não tem acesso a serviços básicos, está desempregada e vive abaixo do umbral da pobreza, ou seja, com menos de US$ 1 por dia. A isso, soma-se o fato de o Haiti ser o país fora do continente africano onde a Aids tem o maior impacto, ao ter infectado 5% da população.

Enquanto isso, o escritório do porta-voz da ONU anunciou que já começou a enviar parte da equipe de avaliação, formada por 16 pessoas, para o estabelecimento de uma missão pacificadora no Haiti. A missão que deverá chegar ao país dentro de três meses, segundo foi aprovado pelo Conselho de Segurança, será “multifacetada”, ao abordar aspectos militares, policiais, políticos e humanitários, segundo manifestou o porta-voz da ONU, Fred Eckhard.