ONU avisa que “congelará” prédios em inspeção no Iraque

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Publicado terça-feira, 26 de novembro de 2002 as 23:58, por: CdB

Os inspetores de armas das Nações Unidas que se preparam para o primeiro dia de trabalho no Iraque, após uma pausa de quatro anos, disseram nesta terça-feira que vão interditar cada prédio em que entrarem, a fim de evitar o desaparecimento de possíveis provas.

Quando iniciarem a busca às alegadas armas de destruição em massa do Iraque, na quarta-feira, os inspetores usarão equipamentos de última geração, muito mais precisos do que os disponíveis nas vistorias anteriores.

Os inspetores acreditam que, no passado, as autoridades iraquianas podem ter retirado documentos ou provas à medida que a equipe da ONU entrava em escritórios e fábricas. Agora, garantem, vão impedir que qualquer pessoa entre ou saia dos alvos investigados.

A missão de 17 técnicos inclui 11 integrantes da Comissão de Monitoração, Verificação e Inspeção (UNMOVIC) da ONU, que se concentrará na procura a armas químicas e biológicas. Os outros seis fazem parte da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), que ficarão a cargo de possíveis instalações nucleares.

“Você pode entrar em uma sala que está vazia, mas esta sala pode ter um histórico”, explicou Demetrius Perricos, chefe da equipe de inspeção nuclear, explicando que o trabalho não pode ser apenas visual, mas deve contar também com equipamentos modernos.

“Será apenas colhendo amostras ou fazendo algumas medições que poderemos descobrir se determinada sala está mesmo vazia como pensamos”, concluiu.

Os inspetores mostraram à imprensa, nesta terça-feira, alguns das máquinas que utilizarão. Há, por exemplo, um equipamento que detecta rapidamente a presença de substâncias químicas, biológicas ou nucleares, capazes de indicar se o local já foi utilizado como fábrica de armas.

Vários objetos poderão ser selados para a verificação de elementos como isótopos radioativos. A informação recolhida pelos inspetores será enviada imediatamente para laboratórios em Nova York e Viena.

Uma vez nos laboratórios, essas informações serão comparadas com arquivos que mostram que substâncias deveriam, segundo os dados fornecidos pelo governo iraquiano, estar oficialmente presentes no local colhido.

“A tecnologia de hoje tem muito mais progresso em termos do que pode fornecer na detecção rápida de substâncias químicas ou biológicas”, disse Perricos.

“Graças a Deus, conseguiram fazê-los portáveis, e não apenas transportáveis”, acrescentou o técnico, referindo-se aos equipamentos.

Os monitores terão condições inclusive de investigar a presença de materiais escondidos sob o solo ou de instalações subterrâneas, graças a um radar que consegue penetrar no chão.

O chefe da UNMOVIC, Jacques Bauté, disse que toda a equipe está “ciente da responsabilidade que paira sobre os ombros”.

“Temos acesso a qualquer lugar e acesso a qualquer lugar significa inspeções a qualquer tipo de instalação”, acrescentou.

Pelos termos da resolução 1441, aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, os iraquianos terão que apresentar, até 8 de dezembro, uma lista completa de suas armas de destruição em massa.

O governo de Bagdad prometeu cumprir o prazo e garantiu que os inspetores terão acesso total a todas as instalações.