Onda de sequestros leva caos à Faixa de Gaza

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Publicado sábado, 17 de julho de 2004 as 10:24, por: CdB

A Autoridade Palestina declarou estado de emergência em Gaza, no sábado, em meio à anarquia causada pelo sequestro de quatro trabalhadores franceses e dois funcionários graduados palestinos.

Antes de renunciar ao cargo, não aceito por Arafat, o primeiro-ministro palestino, Ahmed Qurie, convocou uma reunião de gabinete de emergência na Cisjordância para discutir o que descreveu a repórteres como “um estado de caos sem precedentes”.

Os quatro franceses, capturados por palestinos que exigiam amplas reformas do presidente Yasser Arafat, foram libertados, assim como o chefe da polícia de Gaza, Ghazi al-Jabali, que havia sequestrado em um incidente separado na sexta-feira.

Um funcionário da Autoridade Palestina, que também foi pego na sexta-feira por homens que exigiam retornar a postos de segurança dos quais haviam sido demitidos por Arafat há um mês, foi libertado no sábado, segundo autoridades. Não estava claro se as exigências haviam sido cumpridas.

Os sequestros refletem o desafio crescente imposto a Arafat por militantes que buscam reforçar suas posições antes que o premiê israelense, Ariel Sharon, retire as tropas e colonos judeus da Faixa de Gaza, previsto para até o fim de 2005.

“Foi declarado estado de emergência na Faixa de Gaza a partir desta manhã para lidar com o estado de caos lá”, afirmou uma autoridade da segurança. A imprensa noticiou que a segurança foi reforçada em torno das instituições da Autoridade Palestina.

O chefe da Segurança Preventiva de Gaza, Rashid Abu Shbak, e o chefe-geral da Inteligência, Amin Hindi, apresentaram sua demissão a Arafat, reclamando do caos em Gaza e do fracasso da Autoridade Palestina em executar reformas, informou um funcionário graduado.

TENSÃO

Os quatro franceses foram sequestrados na sexta-feira, quando tomavam café em um restaurante da cidade de Khan Younis. Eles foram levados a um prédio do Crescente Vermelho local, de onde os militantes disparavam tiros pelas janelas para manter a polícia afastada.

Os sequestradores disseram que libertariam os reféns apenas se Arafat cumprisse suas demandas — acabar com a corrupção, implementar uma grande reforma política e aliviar o sofrimento dos pobres.

Após algumas horas de tensão, no entanto, os homens libertaram primeiro as duas mulheres reféns e depois os dois homens. Autoridades da segurança palestina disseram que o sequestro foi executado por militantes das Brigadas Abu al-Rish, ligada ao grupo Fatah, de Arafat.