O diretor-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), Supachai Panitchpakdi, e o comissário europeu de Comércio, Pascal Lamy, confirmaram sua participação no encontro ministerial do G-20, o grupo liderado pelo Brasil, Índia e China para as negociações agrícolas.
A reunião, prevista para 12 de dezembro, vai ocorrer em Brasília. Com isso, o presidente Lula poderá receber os ministros de várias partes do mundo e reforça a mensagem pela eliminação de subsídios e maior acesso aos mercados.
O G-20 alterou a relação de força na negociação agrícola na OMC.
O Brasil assumiu a liderança, destronando a Austrália, que até então comandava as articulações dos países exportadores.
Depois do fiasco de Cancun, o G-20 sofreu a baixa do Colômbia, Peru, El Salvador, Equador, Guatemala e Costa Rica, todas atribuídas a pressões dos Estados Unidos.
Agora, o grupo recebeu a adesão do Zimbabwe. Quênia, Barbados e Jamaica também começaram a participar das articulações como convidados.
A participação africana aumentou depois que ministros de 12 países da região, reunidos no Cairo (Egito), concordaram que “o G-20 pode ser um efetivo defensor da causa dos países africanos na agricultura”.
O encontro ministerial de Brasília será importante, até porque três dias depois, em 15 de dezembro, a OMC vai reconhecer oficialmente que não dá para retomar ainda as negociações globais para liberalizar o comércio mundial.
Persistem as divergências entre os países. Ninguém mostra flexibilidade. E sobretudo os dois gigantes do comércio mundial, os Estados Unidos e a União Européia, não parecem entusiasmados em voltar à mesa de negociações.
Os EUA têm eleição presidencial no ano que vem, o que reduz a margem de manobra da Casa Branca para fazer concessões que podem incomodar setores domésticos.
Por sua vez, a Uniao Européia estará concentrada na entrada de dez novos membros no primeiro semestre. Em outubro, vão mudar os comissários, na prática os ministros.
Também a Índia, país chave nas negociações globais, terá eleições. Os indianos até agora se recusam a entrar em negociações em varios temas.
Para o embaixador brasileiro junto a OMC, Luiz Felipe de Seixas Correa, parece claro que o prazo de 15 de dezembro para se tentar algum entendimento para retomar às negociacoes deve ser prorrogado até fevereiro ou março.