Ofensiva israelense já deixou mais de 900 mortos no Líbano

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Publicado quinta-feira, 3 de agosto de 2006 as 10:48, por: CdB

A aviação israelense retomou, nesta quinta-feira, seus ataques em Beirute e outras áreas do Líbano, enquanto continuavam os violentos combates no sul, após três semanas de um conflito que já deixou mais de 900 mortos nesse país.

Após vários dias de calma, os bairros do sul de Beirute – reduto das milícias do grupo xiita Hezbollah – foram bombardeados novamente nesta madrugada e os aviões de combate sobrevoaram baixo pela capital libanesa.

Segundo a imprensa libanesa, os caças-bombardeiros israelenses também atacaram nesta quinta  a região de El Baiyada, no sul do Líbano, e várias áreas do Vale do Bekaa, sem informar sobre vítimas, por enquanto.

Enquanto isso, no sul do país, foram intensificados os combates entre os milicianos do Hisbolá e as tropas israelenses, com 10 mil soldados que devem completar hoje sua mobilização em uma faixa de segurança, até a chegada de uma eventual força internacional.

Nesta quinta, os combates travados em localidades libanesas próximas à fronteira foram especialmente intensos em Taibe, onde, segundo o Hezbollah, seus combatentes atacaram duas vezes o inimigo.

Os milicianos destruíram um tanque e duas escavadeiras israelenses, cujos ocupantes “foram mortos ou feridos”, informou em comunicado a Resistência Islâmica, braço armado do Hezbollah.

Fontes militares israelenses, que reconheceram a morte de um soldado nesta madrugada e informaram que outros 15 militares ficaram levemente feridos nos combates desta hoje, disseram que um grupo de reservistas tinha conseguido atingir quatro milicianos em um tiroteio.

Desde o início das hostilidades, em 12 de julho, 37 militares israelenses morreram, disse um porta-voz militar. O número de civis israelenses mortos subiu para 19, depois que um morador do kibutz de Sa”ar foi atingido ontem por um foguete Katyusha.

No Líbano, mais de 900 pessoas já morreram em 22 dias de conflito, segundo o primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, Em uma videoconferência com Kuala Lumpur, onde a Organização da Conferência Islâmica (OCI) pediu o fim imediato dos ataques, Siniora também disse nesta quinta que 3 mil  pessoas ficaram feridas, um terço delas de menos de 12 anos.

Também vieram à tona hoje novos dados sobre a tragédia de Qana, onde no domingo passado dezenas de civis morreram, a maioria crianças, devido a um bombardeio israelense.

O Ministério da Saúde libanês afirmou hoje que 38 corpos foram recuperados da casa bombardeada em Qana. Segundo o porta-voz do ministério Bahiy Arbid, entre as vítimas há 23 crianças, enquanto se acredita que “há ainda vários corpos sob os escombros”.

– Segundo o prefeito de Qana, havia 56 pessoas no edifício quando aconteceu o ataque. Doze delas ficaram feridas – afirmou Arbid.

O porta-voz desmentia assim informações publicadas hoje pela organização Human Rights Watch (HRW), que reduziam para 28 o número de mortos em Qana.

Em comunicado distribuído em Beirute, a HRW afirmava que havia sido confirmada a morte de 28 pessoas, entre elas 16 crianças, no ataque aéreo israelense a Qana.

Segundo a investigação militar israelense sobre a tragédia, os pilotos que bombardearam o edifício achavam que dentro não havia civis, mas milicianos do Hezbollah.

Após lançar ontem a maior série de foguetes desde o início do conflito – mais de 220 -, os milicianos xiitas lançaram 26 Katyusha até o meio-dia desta quinta, que caíram na maioria em terrenos abertos e não deixaram vítimas.

Fontes policiais e testemunhas também informaram sobre o lançamento de morteiros em Kiryat Shmona, onde houve incêndios.

Em meio aos combates, continuam as gestões diplomáticas. Enquanto o ministro de Exteriores espanhol, Miguel Ángel Moratinos, alcançava em Damasco o compromisso da Síria de exercer sua influência sobre o Hzbollah, em Nova York era adiada a reunião do Conselho de Segurança prevista para hoje