O lugar de onde vêm os coxinhas

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Publicado sexta-feira, 2 de junho de 2017 as 13:04, por: CdB

Os degredados que iniciaram nossa colonização não eram padrão de nobreza ou qualidade humana. Imigrantes que optaram pelo Brasil tiveram sempre a marca de dispensáveis em suas origens

 

Por Maria Fernanda Arruda – de Luxemburgo

 

A nossa festejada miscigenação produz efeitos positivos e negativos. Já vimos o intuito hitlerista de isolar arianos por considerar sua natureza acima de outras subespécies. O nosso caso é antípoda a essa posição. Mas temos de considerar que os ingredientes usados na formação do todo nem sempre tiveram cuidados seletivos.

Maria Fernanda Arruda
Maria Fernanda Arruda é colunista do Correio do Brasil, sempre às sextas-feiras

Os degredados que iniciaram nossa colonização não eram padrão de nobreza ou qualidade humana. Imigrantes que optaram pelo  Brasil tiveram sempre a marca de dispensáveis em suas origens e fica de percentual insignificante a margem dos que não se originam dessas sementes. Logo, por mais que pretendam os que se colocam acima de média em função de dinheiro têm de olhar os seus pés sujos pela genética.

Aliás, nesse contexto, é de se observar que brancura de tez é mero fato efêmero de gene dominante. De ocorrência incerta e fugaz. Numa mesma irmandade temos filhos alvos e morenos, brancos e negros. Filhos brancos de pais negros é da regra que Mendel previu, em seus estudos de genética.

Alforrias e políticas

Brasileiros são apenas mistura que pode apresentar a qualquer procriação a surpresa dessa ancestralidade. Mas o que vemos entre os esnobes, principalmente da pauliceia desvairada, é a vaidade sem causa de se julgar acima dos recuperados socialmente por  ter herança ou guardado fruto de furtos.

Se bem analisados esses pretensos seres que se põem como ‘elite’, teremos de convir que são a expressão dos mamelucos do século XXI. São, queiram ou não, os servis que por força de alforrias ou mudanças políticas, arribaram um degrau social sem sequer ter conseguido o mesmo no tocante a moral ou ao intelectual.

Continuam como mariposas em torno de holofotes. Querendo caminhar sobre tapetes dos que têm dinheiro, sem dar importância a outros valores. É exemplar disso a atuação dessa casta em torno de FIESP que, manipulando dinheiro do país, promovem sedição e inversão da democracia, cooptando fardados covardes, empresários desonestos e sonegadores e políticos capachos.

Coxinhas e seus crimes

O movimento dos coxinhas é mais antigo do que se imagina
O movimento dos coxinhas é mais antigo do que se imagina

A força do dinheiro pode muito. E temos tido demonstração disso através do tempo em que fortunas cresceram por esperteza, compra de sentenças judiciais, ‘grilagem’ de terras, cujos autores passam de larápios a nobres em função de crimes bem sucedidos e contas bancárias.

O pior é o quadro que assistimos no presente em que os seres com alguma tradição de decência, como juízes e demais, em fascínio inaudito, estão se engajando nesse ‘grande mundo de safados’. Pisoteando a honra de suas pessoas e funções. E, ainda, com um cheiro nauseabundo de terem feito essa opção atraídos por dólares norte-americanos, em repetição à covardia que já tiveram em 1964. 

É uma triste constatação de como o poder material se impôs sobre a honra e a tradição. Esta que sequer havia completado na sociedade apenas ascensional.

Maria Fernanda Arruda é escritora e colunista do Correio do Brasil .