O exemplo dos metalúrgicos

Arquivado em: Arquivo CDB
Publicado terça-feira, 5 de setembro de 2017 as 08:03, por: CdB

Com data-base em novembro, os metalúrgicos colocam o bloco na rua em setembro. Mais que reivindicações salariais (econômicas), a categorial em nível nacional faz campanha contra a Reforma Trabalhista, configurada na Lei 13.746/17, que entrará em vigor em novembro

Por Marcos Verlaine – de São Paulo:

É sabido pelo conjunto do movimento sindical, que a nova lei reduz e rouba direitos dos trabalhadores. A lei, ao mesmo tempo em que gera segurança para as empresas, desprotege os assalariados. Trata-se, portanto, de uma consolidação das leis do capital!

A iniciativa dos metalúrgicos coloca em curso uma frente de resistência à Reforma Trabalhista

Diante do quadro de absoluta incerteza e insegurança geral, os metalúrgicos, de todas as centrais sindicais; de forma unitária e em tom uníssono, resolveram “não esperar pra ver”, pois “quem espera nunca alcança”. Diz o ditado popular.

Mas qual a novidade desse movimento dos metalúrgicos?

São basicamente três, as novidades que cercam a iniciativa dessa briosa e importante categoria de trabalhadores: 1) unidade de ação levada à concretude; 2) articulação nacional; e 3) objetivos para além da pauta econômica.

Por isso, essa iniciativa dever ser vista como bom exemplo e, por esta razão; deve ser perseguida pelas demais categorias profissionais diante da ameaça real e próxima de desmantelamento das organizações sindicais; via asfixia financeira, com o fim da contribuição sindical, e, organizativa/representativa; com a substituição dos sindicatos por comissões de empresa, com prerrogativas negociais.

O fortalecimento da luta e da organização dos trabalhadores, num quadro econômico e político adversos; exigem das organizações sindicais iniciativas que extrapolem o convencional.

O ataque a direitos é frontal

O ataque a direitos é frontal e tem dimensões amplas e profundas, pois as negociações; a partir do advento da nova lei, se darão sem as atuais proteções legais. Será o negociado sobre o legislado! Com o amparo da lei para os empresários!

A iniciativa dos metalúrgicos coloca em curso uma frente de resistência à Reforma Trabalhista; a Frente Sindical, que o assessor do DIAP, Neuriberg Dias destaca como a principal energia do sindicalismo;  “cujo propósito é ampliar a participação dos trabalhadores e conscientizá-los sobre as armadilhas trazidas pela reforma trabalhista. Esta será fundamental para evitar a flexibilização de direitos”, chama a atenção o assessor do DIAP.

Em importante, esclarecedor e orientador artigo, Neuriberg delineia, em “Frentes de resistência à chamada reforma trabalhista” o que fazer diante da desalentadora e desafiadora Lei da Reforma Trabalhista.

Unidade de ação

– O objetivo dessa unidade é impedir a aplicação da reforma trabalhista e a aprovação da reforma da Previdência, medidas que retiram direitos históricos dos trabalhadores brasileiros – destaca o movimento metalúrgico em boletim de campanha.

Trata-se de ineditismo e protagonismo relevantes, que demonstram que é possível superar divergências secundárias em prol de objetivos que interessam não só à categoria, mas à classe trabalhadora. Assim, com maturidade e espírito político elevado, a campanha vai realizar, em 14 de setembro, “Dia Nacional de Luta, Protestos e Greves”.

Articulação nacional

A campanha nacional “Brasil Metalúrgico” vai lutar por um acordo coletivo nacional, cujo propósito é “garantir piso salarial e direitos mínimos a todos os metalúrgicos brasileiros”.

Para isso, as entidades nacionais e os sindicatos articulam calendário de mobilização conjunta.

Objetivos para além da pauta econômica

A lei que alterou profunda e amplamente a CLT e que praticamente “reduziu a pó” o Direito do Trabalho exige combate permanente até a sua revogação. Com a “consolidação das leis do capital” em vias de entrar em vigor é preciso esmiuçar e esclarecer à exaustão seu conteúdo ilegítimo, que destrói e/ou enfraquece os direitos.

De tal forma que os trabalhadores tomem conhecimento que foram enganados quando da tramitação do projeto na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, pois fora apresentado pelo governo e seus defensores no Congresso como salvaguardas de direitos e de empregos. Uma mentira deslavada!

Assim, a campanha ou movimento “Brasil Metalúrgico” ganha ares de exemplo a ser seguido e perseguido pelo conjunto do movimento sindical, que vai enfrentar nova e desafiadora realidade nas relações de trabalho e também em nível da organização sindical com o advento da nova lei. Preparemo-nos!

Marcos Verlaine, é lornalista e analista político.