Nestlé estuda compra da produção leiteira fornecida para Parmalat

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Publicado quarta-feira, 14 de janeiro de 2004 as 20:39, por: CdB

A Nestlé do Brasil fará um estudo sobre a sua capacidade em absorver a produção leiteira vendida à Parmalat. A garantia foi dada hoje por Ivan Zurita, presidente da empresa no país, depois de um encontro com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.

De acordo com Zurita, o ministro solicitou que a Nestlé auxilie o governo a minimizar os impactos da crise da Parmalat junto aos produtores nacionais de leite. A Nestlé é o principal comprador do leite brasileiro, adquirindo 8% da produção, que representam 1,7 bilhão de litros/ano. A Parmalat detinha 5% da produção, o equivalente a 1,2 bilhão de litros/ano.

Ivan Zurita disse que sua empresa se sente na obrigação de responder à solicitação do ministro Roberto Rodrigues e minimizar os efeitos da crise da Parmalat. Na próxima semana, informou que terá novo encontro com o ministro Roberto Rodrigues para apresentar a proposta da Nestlé.

 Zurita informou ainda que no momento a empresa não está em condições de comprar leite além de sua capacidade, porque o Brasil está no período de alta safra. Porém, de acordo com ele, em dois meses, quando começa a entressafra, é possível que possa assumir as compras da Parmalat. Zurita disse ainda que a capacidade de absorção seria de 500 mil litros/dia.

O presidente da Nestlé antecipou que a empresa fará uma avaliação do comportamento do mercado interno, para decidir sua forma de atuação frente a crise.

– O Brasil, historicamente, importa leite na época do maior consumo, e se você tem maior fornecimento é possível absorver a produção e o ideal é absorver o leite disponível no mercado interno – afirmou.

Ele também negou que a Nestlé tenha a intenção de adquirir plantas da Parmalat, porque as duas empresas trabalham com tecnologias diferentes.

– Embora tenhamos capacidade de trabalhar com produtos como leite condensado, por exemplo, a nós o que interessa agora é o fornecimento, o crescimento e a manutenção da cadeia produtiva – afirmou.

Neste ano, conforme Ivan Zurita, a Nestlé deve investir US$ 150 milhões nas suas 26 fábricas no Brasil e tem a previsão de crescer 7%, o que representa o dobro do crescimento previsto para o Produto Interno Bruto. No ano passado o faturamento do grupo no Brasil chegou a R$ 9 bilhões.

No mês que vem a Nestlé vai inaugurar a maior fábrica de café solúvel dos 97 países em que atua. A unidade funcionará em Araras (SP). Vão ser gerados 200 empregos diretos e 2 mil indiretos, consumindo 2,5 milhões de sacas de café por ano. O investimento foi de R$ 115 milhões e a produção será destinada à Rússia e Ucrânia.