Museu do Holocausto dos EUA liga movimento pró-Trump a Hitler

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Publicado terça-feira, 22 de novembro de 2016 as 14:47, por: CdB

Instituição critica severamente conferência neonazista de apoio ao magnata ocorrida a poucos quarteirões da Casa Branca. Em discurso durante o evento, líder do movimento fez comentários racistas e antissemitas

Por Redação, com DW – de Nova York:

O Museu do Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, em Washington, condenou uma conferência nacionalista que aconteceu no fim de semana, a alguns quarteirões da Casa Branca. Na reunião, o proeminente supremacista branco Richard Spencer fez um discurso antissemita, que foi recebido com aplausos, saudações nazistas e gritos de “heil”.

Ativistas antifascismo protestam em Washington contra conferência de nacionalistas do NPI
Ativistas antifascismo protestam em Washington contra conferência de nacionalistas do NPI

– O Holocausto não começou com a matança, começou com palavras – afirmou a direção do museu, através de comunicado divulgado na segunda-feira.

A instituição fez um apelo a “todos os cidadãos americanos, líderes religiosos e cívicos. E à liderança de todos os setores do governo. Para que combatam o pensamento racista e o divisor discurso do ódio”. Parecendo se referir ao fato de o presidente eleito, Donald Trump, não ter se distanciado publicamente dos líderes racistas e grupos que o apoiam.

A conferência aconteceu num prédio federal, o Ronald Reagan Building, a menos de um quilômetro da Casa Branca, e foi organizada pelo National Policy Institute (NPI).

O NPI é um think tank conhecido por promover opiniões nacionalistas brancas e seu presidente, Richard Spencer. É tido como o criador do termo “alt-right”. O termo vem de Alternative Right (direita alternativa). Um eufemismo para um grupo que vê imigração e multiculturalismo como ameaças à identidade branca.

A expressão tem sido muito usada nos últimos dias, depois que Donald Trump nomeou Stephen Bannon para ser seu estrategista-chefe. Antes da campanha presidencial de 2016. Bannon foi presidente-executivo da Breitbart News. Site cujos líderes admitem que “fornecem uma plataforma” para o alt-right. Embora neguem que compartilhem suas opiniões.

Comentários

A indignação com os comentários de Spencer atingiu seu ápice na segunda-feira. Quando foi divulgado um vídeo em que ele se referia à imprensa como “Lügenpresse”. Ou “imprensa mentirosa”. Expressão usada pelos nazistas para tirar o crédito de jornalistas que relatavam suas atrocidades.

Em seguida, ele empregou a gasta teoria da conspiração sobre um complô judaico para controlar a política, desta vez deturpando reportagens contra Trump.

– Nós nos perguntamos se essas pessoas são gente mesmo ou golem sem alma – questionou Spencer. Ele, então, chamou o sucesso de Trump de “vitória da vontade”. Uma alusão a Triunfo da vontade, famoso filme de propaganda nazista dirigido por Leni Riefenstahl.

– A América era, até esta última geração. Um país branco, projetado para nós e nossa posteridade – disse Spencer, segundo o New York Times. “É nossa criação, é nossa herança e pertence a nós.” Ele, então, afirmou que os americanos brancos têm que “conquistar ou morrer”.

De acordo com o Museu do Holocausto, sua escolha de palavras “ecoa de perto a visão de Adolf Hitler. Sobre os judeus e de que a história é uma luta racial pela sobrevivência”.

Vários membros da plateia na conferência fizeram a saudação de Hitler quando Spencer concluiu seu discurso, gritando: “Salve Trump, salve nosso povo, salve a vitória!”