O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra (MST) promoveu, nesta quarta-feira, uma série de invasões de propriedades rurais em todo o país. O objetivo é marcar o dia em que o massacre de Eldorado dos Carajás – no qual 19 militantes morreram em uma ação da Policia Militar do estado do Pará – completa seis anos. Além de invasões de, pelo menos, 28 fazendas em vários estados, os sem-terra fazem bloqueios em estradas e manifestações nas cidades.
No estado do Rio Grande do Sul, os fazendeiros articularam um esquema para defender as suas propriedades. Na região de Bagé, a vigilância foi intensificada já há três semanas. Postos de observação foram montados em áreas de risco, como os trevos de acesso à cidade, reduto de assentamentos. Na segunda-feira, uma reunião na Associação e Sindicato Rural de Bagé definiu os detalhes de uma ação que impediu a saída dos sem-terra do acampamento.
Em todo o estado, filiados dos 130 sindicatos rurais ligados à Federação da Agricultura do Estado (Farsul) também estão atentos para acompanhar e relatar a movimentação dos integrantes do MST em suas regiões. Em Júlio de Castilhos, fazendeiros e empregados também têm se posicionado em pontos estratégicos nas estradas e realizado rondas no entorno de fazendas. Segundo a integrante da coordenação estadual do MST, Ivanete Tonin, a atitude dos ruralistas é de desespero diante da sua incapacidade de justificar à sociedade a improdutividade dos latifúndios.
Nesta manhã, três pontos de rodovias no Interior foram bloqueados durante 19 minutos para lembrar os 19 mortos em Eldorado dos Carajás. Os bloqueios ocorrem na BR-293, em Hulha Negra, na BR-290, em Arroio dos Ratos e Eldorado do Sul, e na BR-386, em Nova Santa Rita. Na região do Pontal do Paranapanema, interior de São Paulo, os fazendeiros contrataram empresas terceirizadas de segurança para proteger suas propriedades.