Dirigentes dos chamados ‘movimentos sociais’ de todo o país reúnem-se em Brasília na próxima terça-feira, para preparar uma frente de manifestações em defesa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A primeira manifestação será realizada em Goiânia, no dia 1 de julho, informou o presidente da CUT, Luiz Marinho.
A chamada ‘base social’ do governo Lula vai se manifestar no momento em que a administração petista enfrenta sua maior crise política, em meio a denúncias de corrupção que alcançam a direção do PT, empresas públicas e deputados governistas.
As manifestações serão coordenadas por CUT, MST, Contag, Central de Movimentos Populares (CMP) e UNE, entre outros movimentos nacionais. Para a reunião de terça-feira foram convidados também representantes da CNBB e da direção nacional da OAB.
– Exigimos o combate à corrupção, sim, mas não vamos aceitar que as elites encurralem o governo e o processo de avanço democrático que iniciamos com a eleição do presidente Lula – disse Marinho.
“NÃO BRINQUEM COM FOGO”
– Precisamos defender o presidente Lula e as próprias instituições democráticas contra os segmentos que trabalham de maneira regular e sistemática para impedir os avanços sociais – acrescentou o presidente da CUT.
Segundo Marinho, o governo estaria sendo alvo de denúncias por parte “de setores das elites e da oposição que pretendem impedir a reeleição e, depois dela, o aprofundamento das políticas de avanço social”.
– As elites não precisam ficar assustadas com nossos movimentos, porque nós sabemos o quanto custou construir as instituições democráticas em nosso país – afirmou o presidente da CUT. “Sabemos quantos lutaram, foram presos e torturados para construir a democracia, mas nossos adversários não devem brincar com fogo.”
Na sexta-feira, em ato de desagravo promovido pelo PT em São Paulo, o demissionário chefe da Casa Civil, José Dirceu, conclamou os movimentos sociais a defender o governo “nas ruas, nas escolas, nas praças e nas fábricas.”
Ainda assim, Luiz Marinho afirmou que a iniciativa das manifestações “é autônoma, é dos movimentos”. Acrescentou que elas também servirão para pressionar a área econômica do governo em favor de políticas desenvolvimentistas.
– Queremos conversar com o governo para cobrar uma posição um dedinho mais à esquerda na economia – disse Marinho.
<b>GOLEADA NO SOCIAL</b>
Para o presidente da CUT, numa comparação com os governos anteriores, “o presidente Lula está dando uma goleada na relação com os movimentos sociais”.
Marinho ressalva que há focos de problemas com o sindicalismo do setor público.
– Este ano as negociações não estão tão bem quanto no ano passado – disse.
O governo, no entanto, vem mantendo boas relações com vários movimentos e atendido reivindicações diversas da chamada “base social”.
Pela primeira vez, em maio, o MST assinou um acordo com o Palácio do Planalto em torno de metas para a reforma agrária. A Contag reivindicou e obteve um aumento de 7 bilhões para 9 bilhões de reais nas verbas para financiamento da agricultura familiar.
<b>ENSAIOS</b>
O primeiro ensaio das manifestações de apoio a Lula foi uma passeata de agricultores em Recife, na quarta-feira passada, promovida pela Contag de Pernambuco.
No dia seguinte, em cerimônia no Palácio do Planalto, dezenas de representantes dos Movimentos de Moradia interromperam discurso do presidente para gritar: “Um, dois, três, Lula outra vez”.