Morte de jornalista russa ofusca visita de Putin à Alemanha

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Publicado quarta-feira, 11 de outubro de 2006 as 12:50, por: CdB

O fantasma da jornalista russa Anna Politkovskaya, assassinada há uma semana, em Moscou, assombra a visita do presidente Vladimir Putin à Alemanha, nesta quarta-feira, à medida que mais e mais políticos cobram explicações do líder russo para o ato de barbárie. O crime já ofuscou o primeiro dia da visita, que deveria servir para ajudar os interesses empresariais russos na maior economia da Europa. Em seus primeiros comentários sobre o homicídio ocorrido no fim de semana, Putin prometeu na terça-feira caçar os autores, que segundo ele querem difundir um sentimento anti-russo.

Políticos em Munique (capital da Baviera, sul da Alemanha) disseram que vão discutir o crime e questões de liberdade de expressão na Rússia com o presidente.

– (O homicídio) lança uma sombra sobre a sociedade russa no que diz respeito à democracia, liberdade de expressão e uso da violência, e o presidente Putin deve respostas à Baviera e ao mundo – disse o secretário de Economia do Estado, Erwin Huber.

Herta Daeubler-Gmelin, presidente da Comissão de Direitos Humanos do Parlamento alemão, disse que a Rússia sofrerá “consequências” se Putin não apresentar explicações para o crime em dois meses. Promotores dizem que Politkovskaya foi morta por vingança contra suas reportagens. Ela costumava fazer duras críticas ao governo. Putin demonstrou na terça-feira pouca consternação com a morte da jornalista, e chegou a ser ríspido em entrevista coletiva ao lado da chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel na cidade de Dresden, antiga Alemanha Oriental, onde ele foi agente da KGB durante a década de 1980.

Ele menosprezou a carreira de Politkovskaya e disse que ela tinha influência “mínima” sobre a vida política russa. Em sua visita, Putin não vem escondendo seu desejo de ampliar os investimentos russos na Europa, a fim de “diversificar nossas relações, o que está no interesse das economias russa e européia”. Ele afirmou ao jornal Sueddeutsche Zeitung que é favorável à ampliação da participação russa na empresa bélico-aeroespacial EADS, que tem capital de vários países europeus. Atualmente, a Rússia tem 5 por cento.

Putin afirmou que a Alemanha será cada vez mais dependente da energia importada da Rússia. Segundo ele, o comércio de gás vai aumentar substancialmente com a abertura de um novo gasoduto no norte do continente, em 2010. O presidente sugeriu que a Alemanha se torne um centro de distribuição de gás para toda a Europa.

Durante os dois dias de visita, Rússia e Alemanha vão assinar vários outros contratos.