Morte de chefe do Conselho de Governo do Iraque abala EUA

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Publicado segunda-feira, 17 de maio de 2004 as 16:17, por: CdB

Um carro-bomba matou o chefe do Conselho de Governo iraquiano na segunda-feira, um grave e novo revés às forças lideradas pelos Estados Unidos, que combatem um levante xiita e estão no meio de um escândalo envolvendo maus-tratos de prisioneiros, às vésperas da data marcada para a entrega da soberania aos iraquianos.

O ataque a bomba matou Izzedin Salim e mais seis pessoas que faziam parte de um comboio que seguia para a central de comando das autoridades de ocupação, no centro de Bagdá, na chamada “zona verde.” O episódio fez alguns membros do Conselho de Governo pedirem aos Estados Unidos que entreguem totalmente o poder aos iraquianos em 1o. de junho, sem manter controle sobre a segurança, como está previsto.

A explosão deixou uma cratera de um metro na rua, destruiu vários carros e atingiu uma fila de pessoas que esperavam para entrar no complexo dos palácios que já pertenceram a Saddam Hussein.

Autoridades norte-americanas afirmaram que o ataque tinha as características de Abu Musab al-Zarqawi, da Al Qaeda. Um site islâmico reivindicou a autoria do ataque para um grupo iraquiano, o Grupo Árabe de Resistência — Brigadas al-Rashid.

A bomba era semelhante à usada em outro ataque em 6 de maio, reivindicado pelo grupo de al-Zarqawi, de acordo com autoridades norte-americanas.

As autoridades também afirmaram que foi encontrada uma pequena quantidade do gás nervoso sarin numa ogiva que explodiu no Iraque há alguns dias, na primeira descoberta de armas não-convencionais no país — cuja suposta existência justificou o início da guerra, há mais de um ano.

Salim, que morreu no ataque de segunda-feira, estava na presidência rotativa do conselho. Ele acabava de voltar da cidade de Arbil, no norte do país, junto com o enviado especial da ONU Lakhdar Brahimi, que está tentando costurar um consenso para formar um governo interino que possa assumir em 1o. de julho e conduzir o país a eleições democráticas em janeiro.

Washington diz que os poderes desse governo interino serão limitados e que a segurança continuará nas mãos de comandantes norte-americanos, mas membros do conselho acreditam que o ataque desta segunda é uma prova de que o novo governo deve ter controle total.

“O plano de segurança dos EUA para o Iraque fracassou,” disse Ahmad Chalabi à Reuters. “Não há alternativa, exceto adotar uma definição de soberania que inclua o controle total sobre as forças de segurança.”

A Casa Branca disse que o ataque não adiaria a entrega da soberania. “Isso é o que os inimigos da liberdade querem, e eles não vão vencer,” disse o porta-voz presidencial Scott McClellan.

Enquanto isso, os EUA tentam se reforçar para enfrentar o levante liderado pelo xiita Moqtada al-Sadr no sul do país, com o deslocamento de 4.000 soldados que estavam da Coréia do Sul.