Moreira e Padilha estão prontos a deixar o governo após delações

Arquivado em: Arquivo CDB
Publicado quarta-feira, 14 de dezembro de 2016 as 14:53, por: CdB

Moreira estaria com a carta de demissão pronta e, no final da manhã desta quarta-feira, caiu também o assessor e amigo pessoal de Temer, José Yunes. Ele pediu demissão “em caráter irrevogável”, após ser citado nas delações premiada da Operação Lava Jato

 

Por Redação – de Brasília

 

Secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos, o ex-governador fluminense Wellington Moreira Franco está com a carta de demissão pronta. Idem seu colega de governo, o chefe da Casa Civil do presidente de facto, Michel Temer, Elizeu Padilha (PMDB-RS). No final da manhã desta quarta-feira, caiu também o assessor e amigo pessoal de Temer, José Yunes. Ele pediu demissão “em caráter irrevogável”, após ser citado nas delações premiadas da Operação Lava Jato por receber propina da empreiteira Odebrecht. Apesar da saída imediata, Yunes nega as acusações.

Moreira Franco teria sido citado em uma conversa entre os donos da empreiteira OAS
Moreira Franco também foi citado em uma conversa entre os donos da empreiteira OAS

Yunes foi citado na delação premiada do ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho. Ele afirmou, em seu depoimento, que parte dos R$ 10 milhões repassados ao PMDB a pedido de Michel Temer para a campanha de 2014 teria sido entregue no escritório de Yunes, em São Paulo.

Renúncia

Com a renúncia de Yunes, chega a sete o número de integrantes do primeiro escalão do governo Temer a deixar o cargo em apenas sete meses, mantendo a média de um por mês. Fontes do governo disseram à agência inglesa de notícias Reuters que Moreira ainda não apresentou o pedido de renúncia a Michel Temer. Padilha, no entanto, teria conversado com Temer sobre os riscos de sua permanência na equipe, conforme adiantaram outras fontes, dessa vez à reportagem do Correio do Brasil.

— Padilha foi alvo de um ataque pesado nos últimos dias, com a descoberta de um arsenal, sem registro nas armas, em sua fazenda. E, agora, a delação da empreiteira (Norberto Odebrecht). Alguns segmentos políticos já começam a avaliar que a chance de explodir um novo escândalo é grande. Isso iria debilitar, ainda mais, o governo — disse a fonte ao CdB.

Odebrecht

A situação política do secretário Moreira Franco, identificado como ‘Gato Angorá’ na lista da Odebrecht, é semelhante à do ‘Primo’. Este foi o apelido de Padilha no Departamento de Operações Estruturadas da construtora. O setor era responsável por contabilizar as propinas milionárias distribuídas aos envolvidos no saque aos cofres públicos. Segundo as fontes da agência de notícias, a carta de Moreira é “uma formalidade”. Poderá servir para o caso de Temer acreditar que sua presença possa constranger, ainda mais, o governo.

Neste momento, a avaliação formal do Palácio do Planalto é que não há razões para a saída de Moreira ou do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Ambos foram citados pelo ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, como arrecadadores do PMDB. Moreira Franco é um dos líderes do PMDB mais próximos a Temer.

O secretário-executivo do PPI divulgou uma nota curta, afirmando que não abandona lutas nas quais acredita.

“Estou dedicado a colaborar no lançamento das medidas microeconômicas e no fortalecimento do programa de concessões. Não abandono lutas quando acredito nelas”, disse Moreira Franco, segundo seu assessor.

Por um fio

“Os homens de confiança de Temer vão caindo um a um. Já foi Geddel, Yunes. Por um fio, Padilha e Moreira Franco #ForaTemer”, publicou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), no Twitter, nesta manhã.

Valente também comentou o pedido de demissão do assessor especial de Michel Temer, José Yunes: “Citado em delação da Odebrecht, assessor especial da Presidência da República pede demissão. Temer deveria seguir seu exemplo. Yunes que acaba de pedir demissão, constava nas questões de Cunha a Temer vetadas por Moro. Será que agora vão chamá-lo para depor na Lava Jato”.