Moradores do Complexo da Maré fazem manifestação contra violência no Rio

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Publicado quinta-feira, 12 de outubro de 2006 as 18:06, por: CdB

Uma manifestação contra a violência marcou a tradicional festa de dia das crianças da comunidade Nova Holanda, no Complexo da Maré, subúrbio do Rio de Janeiro. Entre o pula-pula e as camas-elásticas montados nas ruelas, moradores, representantes de movimentos populares da Maré e de Organizações Não-Governamentais (ONGs) protestaram contra a morte de quatro crianças ocorridas no mês passado. Elas teriam sido vítimas da violência policial em quatro comunidades.

A passeata chegou a provocar o fechamento de um trecho da Avenida Brasil, a principal via de ligação entre a zona norte e o centro. Os manifestantes se concentraram na Praça da Nova Holanda, onde o menino Rennan, de três anos, foi baleado enquanto saia com a avó, Zenilda Ribeiro, que estava a caminho da sua zona eleitoral, no dia do primeiro turno das eleições.

– Até hoje não sei o que aconteceu direito com o meu neto. A informação que eu tenho vem dos jornais -, disse a avó, mostrando uma faixa com reportagens sobre a morte do menino, onde o destaque era a manchete “Chapa quente na Maré. Menino morre baleado”.

Na praça, um carro de som pedia justiça para as vítimas, competindo com o barulho dos bares que tocavam funk e dos motos táxis que atravessavam a comunidade. Zenilda Ribeiro disse que veio com a mãe de Rennan e com os três irmãos do menino, que junto como outras crianças também participaram da manifestação, vestindo camisas com fotos do irmão.

– Me dá muita revolta quando eu penso na violência policial, o Rennan podia estar participando da festa hoje. Mas para as crianças eu não falo isso, digo só que ele foi chamado para morar em outro lugar, no céu -, disse Zenilda Ribeiro.

Para o diretor da ONG Observatório de Favelas, Jailson Silva, a manifestação não é simplesmente contra a violência policial, mas sim “contra um modelo de segurança pública, que na guerra contra as drogas, tem a violência como instrumento fundamental”.