A ministra moçambicana da Mulher e Coordenação da Ação Social, Virgilia Matabel, disse nesta segunda-feira, na abertura de um seminário de cinco dias sovre o tema “Crianças Órfãs e Vulneráveis no Contexto do HIV-AIDS”, que é preciso tentar reduzir o sofrimento das crianças.
A situacao da Aids em Moçambique, de acordo com a ministra, já pode ser classificado de uma catástrofe, alertou Matabele.
-Ja que a Aids vai deixar cerca de um milhão de criancas órfãs até 2010, estamos falando de uma catástrofe silenciosa- acrescentou a ministra .
-É uma catastrofe silenciosa porque a sociedade moçambicana acredita nos mecanismos de sobrevivência que pregam, de acordo com os costumes, a absorção das crianças desamparadas no seio de uma familia ampliada- disse.
Por outro lado, a ministra observa que esta crença é uma negação da realidade, já que há um número avassalador de crianças desamparadas, à procura de cuidados e atenção.
-Muitas destas crianças são órfãs de pais que morreram de Aids-disse.
– Precisamos concentrar nossas atenções, nos próximos tempos, a discutir e aprofundar o trabalho de cada uma das nossas organizações em prol das criancas cujos pais morreram de Aids.-afirmou Matabele.
Matabele disse ainda aos cerca de 250 presentes que “em Moçambique há um número cada vez maior de criança em risco por causa da pobreza, de doença e morte dos pais”.
-Esta situação agrava-se devido à fraca capacidade de resposta da rede familiar e comunitária que, apesar da sua dedicação, não consegue lidar com o numero de crianças órfãs e vulneráveis afetadas pelo HIV-Aids-disse.
Por causa da Aids, afirmou a ministra, muitas crianças deixam de estudar para cuidar de seus irmãos.
Na entrevista coletiva que se seguiu à abertura do seminário realizada na capital moçambicana, Graça Machel, mulher do lider ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, chamou a atenção para o envolvimento de toda a sociedade no que diz respeita aos cuidados das crianças órfas.
-É tarefa de todos nós cuidarmos dos órfãos- disse Machel.
Estima-se que o virus HIV já tenha infectado cerca de dois milhões de pessoas em Moçambique e que 700 novas infecções ocorram todos os dias em Moçambique.