Uma reservista dos EUA condenada por colocar fios em um prisioneiro iraquiano encapuzado e por envolvimento em outros casos de tortura foi sentenciada a seis meses de prisão na noite desta terça-feira, uma das punições mais brandas aplicadas a militares envolvidos nos escândalos de abusos cometidos contra detentos da prisão iraquiana de Abu Ghraib. ]
Mais cedo, Sabrina Harman, 27- que poderia pegar no máximo cinco anos e meio – pediu desculpas a suas vítimas. A promotoria recomendou três anos de prisão.
– Gostaria de pedir desculpas a todos os detentos – disse ela a uma corte militar instalada na maior base militar dos EUA, localizada em Fort Hood.
-“Não cumpri meus deveres. Não cumpri minha missão. Não decepcionei apenas o povo do ue. Decepcionei também todos os soldados que servem hoje.Assumo total responsabilidade por minhas ações”, afirmou. “As decisões que tomei foram minhas decisões e apenas minhas – disse ela.
Na última segunda-feira, um júri militar condenou Harman em seis de sete acusações relacionadas com os casos de tortura, entre as quais um incidente fotografado e no qual ela colocou fios em um prisioneiro encapuzado antes de ameaçar eletrocutá-lo se saísse da caixa em que estava.
Harman, uma das três mulheres envolvidas nos casos de tortura ocorridos na prisão de Abu Ghraib, também aparece na famosa foto de uma pirâmide de detentos nus. Ela escreveu “estuprador” na perna de um dos prisioneiros antes de ele ser obrigado a participar da pirâmide.
As fotos, divulgadas para a opinião pública um ano atrás, prejudicaram bastante a imagem dos EUA.
A companheira de quarto dela havia dito à Justiça militar que Harman era uma mulher gentil.
– O que os senhores estão vendo aí não é a verdadeira Harman – afirmou a melhor amiga da militar, Kelly Bryant.
– Ela é o tipo de pessoa que impediria outra de matar uma formiga ou uma aranha.”Ela é generosa, gentil, atenciosa, e desprendida – disse Bryant.
Harman é o segundo guarda de Abu Ghraib a ser condenado por um júri militar. O primeiro foi Charles Garner. Outros seis soldados envolvidos firmaram acordos com a promotoria e cinco deles cumprem pena de prisão atualmente.