Milhões de israelenses vão às urnas em eleição que pode tirar Netanyahu do poder

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Publicado terça-feira, 17 de março de 2015 as 09:28, por: CdB
A votação termina às 22h do horário local (17h de Brasília) desta terça, e as primeiras pesquisas boca de urna serão divulgadas imediatamente depois
A votação termina às 22h do horário local (17h de Brasília) desta terça, e as primeiras pesquisas boca de urna serão divulgadas imediatamente depois

 

Milhões de israelenses foram às urnas nesta terça-feira para votar em uma eleição bastante acirrada, em que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu enfrenta uma árdua batalha para derrotar uma campanha da oposição de centro-esquerda em busca de impedir um quarto mandato do premiê.

Em muitos aspectos a votação se tornou um referendo sobre “Bibi” Netanyahu, no comando do país num total de nove anos em três mandatos separados. Se vencer de novo, ele estaria a caminho de se tornar o primeiro-ministro mais longevo da história de Israel.

A campanha de Netanyahu se focou nas ameaças do programa nuclear iraniano e dos militantes islâmicos. Mas essa é uma mensagem que muitos israelenses dizem estar cansados de ouvir e, como resultado, a campanha da centro-esquerda voltada para questões econômicas, especialmente o alto custo de vida em Israel, parece ter conquistado mais eleitores.

As últimas pesquisas de opinião de voto, divulgadas em 13 de março, mostraram a coalizão de centro-esquerda União Sionista, liderada por Isaac Herzog, com quatro cadeiras de vantagem sobre o Likud, de centro-direita, de Netanyahu.

Mas, nos últimos três dias de campanha, Netanyahu intensificou a campanha para tentar motivar sua base no Likud e atrair votos de outros partidos de direita e nacionalistas, prometendo construir mais assentamentos judaicos e garantindo que os palestinos não terão um Estado se ele for reeleito.

A votação termina às 22h do horário local (17h de Brasília) desta terça, e as primeiras pesquisas boca de urna serão divulgadas imediatamente depois.

Custo de vida alto

Na verdade, o aumento dos aluguéis e os preços elevados dos alimentos são os temas que dominam as discussões cotidianas de muitos israelenses. Segundo um relatório publicado recentemente, os aluguéis subiram 30% nos últimos cinco anos, e os preços dos imóveis, 55%.

– Desta vez, as políticas econômica e social estão em primeiro plano – diz Rafi Smith, especialista em pesquisas de opinião. “Há 40 anos esses temas não influenciam uma eleição em Israel de forma tão clara.”

Os candidatos da União Sionista entenderam essa ânsia popular: Isaac Herzog e Tzipi Livni prometem, em caso de vitória, criar um conselho que tomará medidas contra o aumento dos aluguéis. Eles também querem investir mais em projetos sociais e educacionais. Herzog e Livni pretendem se alternar no cargo de primeiro-ministro a cada dois anos.

Desejo de mudança

Herzog apresenta-se como um político próximo ao cidadão. Ele tem viajado muito ultimamente, na tentativa de reforçar sua imagem. Entretanto, é visto por muitos como alguém de pouco carisma, o que provoca um dilema em alguns eleitores.

– Há muitas pessoas que não estão satisfeitas com Netanyahu, elas querem uma mudança. Mas muitos também não veem como Herzog poderia governar um país como Israel – diz Tamir Sheafer, cientista político da Universidade Hebraica, em Jerusalém.

“Não sei realmente dizer quem será o próximo primeiro-ministro de Israel”, admite Smith. Seu Instituto Smith faz regularmente enquetes com centenas de israelenses sobre suas intenções de voto. Mas desta vez, os resultados das pesquisas são acirrados demais para se fazer uma previsão confiável, diz. De acordo com as últimas sondagens, a União Sionista está ligeiramente à frente do Likud, mas muitos israelenses ainda estão indecisos.

Grande risco

Netanyahu tinha bons níveis de popularidade até o final do ano passado e, possivelmente, considerava ter boas chances de vitória.

– Ele foi quem quis esta eleição – observa Dana White, comentarista política na TV israelense. “Com isso, Netanyahu assumiu um grande risco, porque ele provavelmente teria tido pela frente mais dois anos seguros de mandato. Ele deve ter pensado que venceria (as eleições) com facilidade.”

Analistas políticos acreditam que, nesta terça-feira, o Likud tem que tomar cuidado para não perder muitos votos para outras forças de direita, como para o antigo correligionário de Netanyahu, Moshe Kahlon, que concorre pela primeira vez com o seu partido Kulanu, ou para o nacional-religioso e de direita Habait Jehudi (Lar Judaico), liderado por Naftali Bennett.

Também os ultraortodoxos querem, depois de dois anos na oposição, voltar ao governo – como é o caso de Yair Lapid, do partido Yesh Atid (Há Futuro). Lapid foi ministro das Finanças até que Netanyahu acabou com a coalizão.

Além disso, o desempenho da nova aliança árabe é aguardado com expectativa. Quatro partidos árabes se uniram para formar uma chapa que pode se firmar como terceira força parlamentar, preveem as pesquisas.