Milhares fazem passeata na Escócia contra a pobreza

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Publicado sábado, 2 de julho de 2005 as 12:22, por: CdB

 Dezenas de milhares de manifestantes vestidos de branco fizeram uma passeata por Edimburgo, na Escócia, neste sábado para pedir que os líderes das nações ricas concordem com medidas de combate à pobreza em uma cúpula que acontecerá próxima à cidade na semana que vem.

Como parte de um dia de pressão sobre as nações do G8, incluindo os concertos de rock Live 8, os mais de 100 mil manifestantes querem que os países ricos dobrem a ajuda às nações mais pobres, especialmente na África. Eles também pediram o perdão da dívida e mudanças no comércio.

Os manifestantes, vestindo a cor do movimento Faça a Pobreza História –coalizão de entidades de caridade, igrejas e outros grupos– movimentaram-se pelas ruas do centro histórico da cidade para formar uma versão humana da faixa branca que é o símbolo da campanha.

“Nossa voz hoje é a voz legítima de nossos líderes eleitos em benefício dos milhões que não têm voz”, disse o cardeal Keith O’Brien, líder da Igreja Católica da Escócia.

Manifestantes levavam placas com dizeres como “Apague a Dívida,” “Justiça no Comércio” e “Pessoas Antes do Lucro”.

Os organizadores estimaram que mais de 120 mil pessoas participaram da passeata. A polícia não fez uma estimativa.

Os líderes do G-8 se reúnem a partir da próxima quarta-feira no luxuoso hotel Gleneagles, cerca de 65 quilômetros a noroeste de Edimburgo, para uma cúpula presidida pelo primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que colocou a África como prioridade da agenda.

Os manifestantes disseram que o G-8 tem uma chance única para impedir que 30 mil crianças morram todos os dias por causa da extrema pobreza.

“Nunca participei de passeatas, mas desta vez senti que eu tinha que participar”, disse William Bertram, 55 anos, de Edimburgo. “A pobreza é um pecado e é errado que tanta gente tenha tão pouco. Espero que esta passeara faça uma diferença na semana que vem.”

A campanha quer que o G-8 cancele as dívidas dos países pobres, aumente sua ajuda a eles em cerca de 50 bilhões de dólares ao ano –cerca de metade disso para a África– e derrube barreiras comerciais que impedem produtos africanos e de outros países de chegar aos mercados ocidentais.

A mensagem da campanha ganhou amplo apoio no Reino Unido e é endossada por Blair.

Mas alguns especialistas em ajuda dizem que os países da África podem ter dificuldades para absorver repentino e forte aumento em ajuda financeira e que o perdão da dívida poderia encorajar uma administração financeira irresponsável.

Um grupo de cerca de 20 anarquistas brigou com a polícia pouco após o início da passeata, mas não houve sinais da violência mais séria que já acompanhou as cúpulas do G-8 em outros países.