Microplástico pode transportar para oceanos germes que causam doenças

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Publicado terça-feira, 26 de abril de 2022 as 14:18, por: CdB

Os microplásticos que flutuam na superfície podem se deslocar por grandes distâncias, espalhando micro-organismos para bem longe de sua origem. Os que se afundam concentram-se no leito do mar.

Por Redação, com ABr – de São Francisco

Os microplásticos que poluem os oceanos podem ser veículos para germes patogênicos terrestres que provocam doenças em organismos marinhos e seres humanos, concluíram cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.

Pesquisa é de cientistas da Universidade da Califórnia

A pesquisa, publicada nesta terça-feira no boletim Scientific Reports, é a primeira em que se admite que os microplásticos, fragmentos com tamanho inferior a cinco milímetros, podem disseminar doenças transmitidas por organismos como Toxoplasma gondiiCryptosporidium ou Giardia. Eles podem chegar aos seres humanos por meio do consumo de marisco.

– É fácil as pessoas desvalorizarem o problema dos plásticos nos oceanos como algo que não lhes diz respeito, mas quando se fala de doenças e saúde, torna-se mais fácil adotar mudanças. Os microplásticos deslocam germes de um lado para o outro e podem acabar na nossa comida e água – afirmou a pesquisadora Karen Shapiro, especialista em doenças infecciosas.

Toxoplasma gondii é um parasita que se encontra nas fezes dos gatos e que já infectou muitas espécies oceânicas com a doença toxoplasmose, como espécies de golfinhos e focas, além de provocar doenças prolongadas em seres humanos e problemas reprodutivos.

Cryptosporidium e Giardia provocam doenças gastrointestinais e podem ser fatais para crianças e pessoas imunocomprometidas.

Os autores do estudo analisaram em laboratório maneiras como os patogênicos se podem associar aos plásticos na água do mar, sobretudo os que são utilizados em produtos cosméticos e os que vão parar no oceano com as águas de lavagem de roupa ou a partir de redes de pesca.

Microplásticos

Embora os parasitas se fixem mais aos microplásticos da roupa e das redes de pesca, todos os tipos de plástico analisados são capazes de transportar patogênicos.

Os microplásticos que flutuam na superfície podem se deslocar por grandes distâncias, espalhando micro-organismos para bem longe de sua origem. Os que se afundam concentram-se no leito do mar, onde animais como ostras e outros tipos de bivalves vivem, aumentando a probabilidade de consumirem o plástico ou os micro-organismos que causam doenças.

– Os plásticos enganam os invertebrados. Estamos alterando as redes naturais de alimentação, ao introduzir esse material de fabricação humana, que também pode transportar parasitas mortíferos – disse Shapiro.

A cientista Chelsea Rochman, especialista em poluição e professora de ecologia na Universidade de Toronto, afirmou que há maneiras de evitar que os plásticos cheguem ao oceano, entre elas a colocação de filtros nas máquinas de lavar e secar e nas saídas de águas residuais.

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