A ministra de Relações Exteriores do Paraguai, Leila Rachid, disse que o Mercosul deve evitar medidas que representem uma distorção do comércio na região e causem prejuízo à livre circulação de mercadorias no bloco.
De acordo com Rachid, é importante que “algumas medidas que podem ser tomadas” garantam um bom nível de “previsibilidade econômica” e “não afetem as pequenas economias”.
O chanceler uruguaio Didier Opertti se recusou a comentar de maneira específica a proposta argentina, mas fez uma consideração genérica que indica a posição do Uruguai sobre o assunto.
“Um dos objetivos fundamentais do Mercosul é, sem dúvida, o acesso ao mercado, e as salvaguardas constituem naturalmente um elemento de obstáculo para o acesso ao mercado”, disse Opertti.
O presidente do Uruguai, Jorge Batlle, também deu sinais de que é contra as salvaguardas, mas defendeu o diálogo. “Temos diferenças de dimensão econômica, mas temos objetivos comuns”, afirmou.
Brasil e Argentina
O chanceler brasileiro Celso Amorim já havia manifestado ressalvas à proposta argentina de instituir salvaguardas permanentes para proteger a indústria do país ao dizer que uma política industrial comum é melhor para os países do Mercosul do que medidas protecionistas.
Nesta quinta-feira, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, respondeu a uma pergunta sobre as barreiras argentinas com um comentário irônico.
“Choro sempre faz parte da atividade empresarial. Aqueles que estão crescendo e ganhando dinheiro ficam quietos, e os que têm algum problema verbalizam”, afirmou Furlan.
O secretário argentino de Comércio e Relações Econômicas Internacionais, Alfredo Chiaradía, procurou defender a proposta de seu país e disse que o projeto “não se limita à questão das salvaguardas”.
“O Mercosul pode não avançar aceleradamente, mas esperamos que o Mercosul não retroceda. O que nós planejamos não é um retrocesso. Pelo contrário, é um mecanismo transitório que nos permita avançar”, afirmou Chiaradía.
O subsecretário também procurou rebater as insinuações de que a ausência do ministro argentino de Relações Exteriores, Rafael Bielsa, na coletiva dos chanceleres e do ministro da Economia, Roberto Lavagna, na reunião de ministros da Fazenda e presidentes de Bancos Centrais seria uma tentativa de esvaziar o Mercosul.
“Na realidade, a Argentina é um fervoroso defensor do Mercosul, porque o Mercosul é uma ferramenta fundamental de projeção internacional”, declarou.
Nesta sexta-feira, Bielsa e Lavagna acompanharão o presidente Néstor Kirchner na reunião de Cúpula do Mercosul na cidade histórica de Ouro Preto.