A maioria dos membros influentes do Partido Baath, que fizeram as malas e abandonaram suas luxosas casas no bairo Al-Mansur (centro de Bagdá), no início da guerra, agora tentam ocultar sua afiliação a esse partido hoje proscrito.
“O que significa ser membro do Baath? Nada em absoluto. Antes todos nós éramos obrigados a ser membros dele. Agora o regime acabou e o Baath morreu com ele”, afirma o proprietário de uma das mansões, que prefere não revelar sua identidade.
Muitos dos integrantes do Baath que ficaram em Bagdá hoje negam o fato de ter pertencido ao partido por medo de serem presos. A palavra Baath provoca olhares temerosos entre os iraquianos.
“O partido não era apenas Saddam Hussein, também tinha muita gente boa e capaz”, explica um dos moradores da rua que, depois de alguns rodeios, acabou admitindo ter sido membro do Baath.
Professor de química na Universidade de Bagdá, ele faz parte dos ex-integrantes do partido que decidiram permanecer na capital e tentam voltar a seu trabalho normalmente.
“Todo o Iraque estava regido por um único partido e quem queria ganhar mais dinheiro ou ter uma casa bonita se afiliava a ele para conseguir isso. Além do mais, os professores, intelectuais ou empresários importantes eream obrigados a aderir ao partido por serem cidadãos representativos”, explica.
Segundo ele, poucos membros eram adeptos convictos de Saddam. A maioria rasgou sua carteira de afiliação há semanas e não tive medo de voltar a seus postos de trabalho, nem de colaborar com as novas autoridades locais.
“Eu preferia não ter aderido ao partido e continuar sendo livre, mas não foi possível”, explica Amir, enquanto que os membros de sua família, temerosos, insistem para que ele não fale com a imprensa.
A poucos metros de sua casa, se amontoam os escombros de quatro casas, que a aviação americana bombardeou em 7 de abril, onde Saddam Hussein teoricamente estaria escondido.
“Os ricos do Baath têm várias casas e não têm problemas para se esconder, como Saddam, que está vivo e bem vivo”, assegura.
Muitos membros influentes do Baath não são vistos desde o início da guerra. Ninguém responde nas luxuosas mansões, algumas saqueadas por ladrões, outras intactadas e protegidas por guardas armados.
“Alguns estão escondidos dentro de casa e têm medo de abrir a porta”, explicam os vizinhos.
Em outras casas, no entanto, os americanos entraram e encontraram armas e documentos abandonados em uma fuga precipitada.
“Alguns membros influentes saíram do país antes da guerra, outros foram presos e o resto, como eu, estão escondidos entre a população, esperando a situação se estabilizar para voltar a ter uma vida normal”, explica um capitão da marinha mercante Antisar, membro do Baath.