Manifestantes continuam em frente à prefeitura do Rio

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Publicado segunda-feira, 14 de abril de 2014 as 11:31, por: CdB
Centenas de pessoas continuaram acampadas  e protestando em frente à prefeitura, no centro do Rio de Janeiro
Centenas de pessoas continuaram acampadas e protestando em frente à prefeitura, no centro do Rio de Janeiro

Centenas de pessoas continuaram acampadas  e protestando em frente à prefeitura, no centro do Rio de Janeiro, reivindicando condições de moradia. O grupo é parte dos que ocupavam o prédio da Oi até sexta-feira, quando cerca de 1,6 mil policiais os expulsaram cumprindo uma decisão judicial de reintegração de posse.

Grande parte dos manifestantes se abrigaram da chuva na passarela do metrô, na Estação Cidade Nova. No local, homens, mulheres, crianças e idosos deitaram em colchonetes ou em lençóis, ao lado de poucos pertences e mantimentos em sacolas plásticas.

– Eu morava de favor com a minha sogra, mas nem falo com ela. Morávamos eu, meu marido e minha filha com ela e o marido, em um quarto só – conta Alessandra Silveira, de 22 anos.Desempregada, a jovem trabalha vendendo maçãs do amor, mas deixou a filha e o marido na antiga casa pada protestar: “Eu quero o aluguel social. Minha mãe já se inscreveu no Minha Casa, Minha Vida há anos e até agora nada. Estou aqui só com essa coberta”, diz Alessandra, encolhida no chão da passarela, que tem trânsito movimentado de pedestres.

Outra mãe de 22 anos que deixou os filhos para participar da manifestação foi Diana da Silva, que morava em um porão na comunidade do Jacaré antes de ocupar o prédio da Telerj, com os três filhos: “Eu mesma juntei as madeiras para o barraco catando na rua. Não podia comprar porque estou desempregada e vivo das cestas básicas que ganho da igreja. Agora não posso mais voltar para o porão e deixei meus filhos com o pai”, conta Diana, com o queixo tremendo por ter se molhado na chuva.

Vivendo de bicos como auxiliar de bombeiro hidráulico, Ronaldo da Silva pagava R$ 450 de aluguel na comunidade do Rato Molhado, perto do prédio da Oi. Para comprar as madeiras do barraco, ele fez um empréstimo de R$ 500: “Ninguém estaria aqui na chuva se não estivesse precisando. A gente precisa de alguma melhoria”, diz ele, que é pai de seis filhos, três ficam com a ex-mulher.

Os manifestantes estenderam uma bandeira do Brasil na frente da prefeitura e tentaram fechar a Avenida Presidente Vargas em alguns momentos. Um menor foi atropelado em uma dessas tentativas e teve ferimentos leves.

Conflito

Centenas de manifestantes retirados do prédio da Oi na última sexta-feira, no Engenho Novo, onde acamparam em frente ao prédio da prefeitura, na Cidade Nova, entraram em confronto com a Guarda Municipal do Rio, quando ocuparam por alguns minutos uma das pistas da Avenida Presidente Vargas.

Os manifestantes estenderam uma grande bandeira preta na pista e interditaram o trânsito em direção à Candelária, quando homens da Guarda Municipal munidos de cassetes e escudos intervieram e foram recebidos a pedradas e garrafas de água pelos manifestantes. Os guardas usaram cassetetes e houve muita confusão e correria, apesar dos organizadores pedirem a todo momento, do alto de carros de som, para que não houvesse reação, porque haviam muitas crianças e idosos presentes.

Para liberar a pista, os guardas municipais usaram bombas de gás lacrimogêneo e cassetetes para dispersar a multidão. Depois do enfrentamento os manifestantes recuaram para a frente do Centro Administrativo da prefeitura, na Cidade Nova, onde permanecem acampados, reivindicando moradia.

Os guardas municipais fizeram uma barreira humana para impedir que a Avenida Presidente Vargas fosse novamente fechada, mas como a situação acalmou, eles desfizeram o cordão de isolamento.