Maioria dos gregos apoia que Grécia aceite acordo com UE e FMI

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Publicado sexta-feira, 5 de junho de 2015 as 15:30, por: CdB

Quase metade de todos os gregos querem que o primeiro-ministro Alexis Tsipras aceite proposta de credores internacionais em um acordo para reformas em troca de injeção de recursos, enquanto 35% acreditam que a proposta deve ser rejeitada, conforme pesquisa de opinião publicada nesta sexta-feira.

Grécia
O governo da Grécia rejeitou uma proposta “absurda” e “irreal” de seus credores e espera que ela seja retirada, disse o primeiro-ministro, Alexis Tsipras

A pesquisa feita pelo Metron Analysis para o jornal Parapolitika também apontou que quase 60% dos gregos apoiam a estratégia de linha dura de seu governo nas negociações com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI), enquanto 35% se opõem a ela.

 

Rejeitado acordo de credores

O governo da Grécia rejeitou uma proposta “absurda” e “irreal” de seus credores e espera que ela seja retirada, disse o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, nesta sexta-feira, pedindo que credores aceitem em vez disso uma proposta de Atenas.

Os credores ofereceram a Tsipras uma proposta austera de compromisso que liberaria auxílio financeiro ao país, mas incluía uma série de medidas às quais o premiê se opôs nesta semana, como aumentos de impostos, privatizações e reformas previdenciárias, rapidamente provocando indignação entre membros de seu partido, o esquerdista Syriza.

Em um discurso intransigente ao Parlamento, Tsipras disse que a proposta de Atenas feita nesta semana é a única base realista para um acordo e acusou a Europa de não entender que parlamentares gregos não podem votar a favor de mais austeridade.

– As propostas enviadas pelos credores são irreais – disse Tsipras, acrescentando que a oferta não leva em conta o terreno comum encontrado entre os dois lados durante os meses de negociação.

– O governo grego não pode consentir com propostas absurdas – acrescentou.

No que parecia ser uma ameaça contra credores, sugerindo que a Grécia está preparada para agir unilateralmente se suas demandas não forem atendidas, Tsipras disse que o governo vai legislar a restauração de direitos de barganha coletivos para trabalhadores gregos –manobra à qual os credores se opõem.

Ainda assim, Tsipras disse estar confiante de que a Grécia está mais perto de um acordo do que nunca, e afirmou que a proposta grega levou em conta as necessidades dos credores.

– O tempo não está acabando apenas para nós, está acabando para todos os outros também – disse ele.

Atraso em pagar dívida não acelera controles de capital

A decisão da Grécia de atrasar um pagamento de empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI) assustou o mercado de ações de Atenas nesta sexta-feira, mas fontes do mercado financeiro disseram ser improvável que isso precipite uma corrida aos bancos e leve a controles de capital.

Atenas empacotou o pagamento de uma dívida de 300 milhões de euros que vence nesta sexta-feira com outras a serem pagas no final deste mês, com o primeiro-ministro Alexis Tsipras, pressionado por apoiadores de esquerda, urgindo por mudanças nos duros termos que os credores do FMI e da União Europeia estão exigindo para liberar ajuda para Atenas e evitar o calote.

Banqueiros minimizaram a possibilidade de que o atraso possa levar a controles de capital do tipo que o Chipre impôs durante a crise de 2013, fechando bancos por quase uma quinzena e restringindo os pagamentos em euros no exterior por muito mais tempo.

– Se isso é lido como um pedido da Grécia por mais algum tempo para fazer os pagamentos enquanto tenta fechar um acordo com os credores, é improvável que se transforme em um problema e traga controles de capital – disse um banqueiro à agência inglesa de notícias Reuters.

– Isso mostra (que o governo está) apertado em recursos e esgotando o tempo teórico que tem. Mas também depende da percepção dos depositantes – acrescentou.

Diante do recuo em depósitos desde outubro, bem antes do governo liderado pela esquerda ter assumido o poder em janeiro, os bancos tornaram-se dependentes de financiamento de emergência do Banco da Grécia, com autorização do Banco Central Europeu, em Frankfurt.

Atenas vem rejeitando cortes de benefícios e aumentos de impostos que a UE e o FMI demandam antes de liberar novos empréstimos para o país evitar o calote.

Outro banqueiro grego criticou as táticas do governo. “Eu vejo isso como uma tática de pressão que prolonga o drama. A investida de agrupar pagamentos ao FMI repousa sobre a visão tola de que isso poderia assustar a Europa, mas por si só não irá trazer (a possibilidade de) controles de capital para mais perto”, disse o banqueiro.