Má Educação estréia nos EUA e Almodóvar quer mais Oscars

Arquivado em: Arquivo CDB
Publicado quarta-feira, 6 de outubro de 2004 as 18:42, por: CdB

Pedro Almodóvar iniciou hoje, quarta-feira, a promoção do filme Má educação nos EUA, com a confissão de que deseja obter mais prêmios Oscar, embora tenha admitido que, por ora, não há muito o que possa fazer.

Depois da apresentação do filme à imprensa na abertura do Festival de Cinema de Nova York, que este ano o tem como um de seus convidados principais, Almodóvar disse que “se houvesse algo que pessoalmente pudesse fazer, o faria. Eu quero mais um Oscar, necessito de mais estatuetas”.

Má educação estréia comercialmente nos EUA em novembro e as sessões abertas ao público durante o festival, programadas para sábado e domingo, já estão esgotadas há semanas.

Amanhã, o festival também oferecerá um programa especial em homenagem ao diretor, intitulado Viva Pedro, que consiste em uma montagem com fragmentos de seus principais filmes e uma conversa do cineasta com seus fãs nova-iorquinos.

Sobre suas possibilidades de ser nomeado para o Oscar depois da da Espanha escolher Mar Adentro, de Alejandro Amenábar, para concorrer como melhor filme estrangeiro, Almodóvar disse que “tudo depende da generosidade dos membros da Academia e também do que a distribuidora americana faça com o filme”.

Almodóvar já ganhou dois prêmios Oscar, um em 1999 como melhor filme estrangeiro por Tudo sobre minha Mãe e outro como melhor roteiro por Fale com Ela, em 2003.

Também foi candidato em 1988 na categoria de melhor filme estrangeiro por Mulheres à beira de um ataque de nervos e a melhor diretor em 2003 também por Fale com ela, que também não concorreu como melhor filme estrangeiro.

Sobre a resposta que espera de Má Educação nos EUA, Almodóvar disse que os espectadores “quando vão ao cinema, esperam que alguém os faça esquecer seus problemas, e eu acho que Má educação é entretenimento”.

Apesar do êxito de crítica e público e do prestígio que ganhou nos EUA, Almodóvar segue pensando que a Espanha é o ambiente natural para seus filmes, “embora eu seja uma pessoa urbana, e por isso meus filmes podem acontecer em qualquer cidade do mundo”.

– O problema é que minha cultura e minha língua são espanholas e me dá muito medo mudar de cultura, porque acho que perderia algo – acrescentou.

– E também tenho medo de mudar a estrutura de produção, pois nos EUA se produz de forma muito diferente da que eu uso em meus filmes  – concluiu.

O diretor assinalou que seu último filme “é uma espécie de antologia dos temas que me preocuparam e que já desenvolvi em minha filmografia anterior”.

– Diria até que é um olhar diferente sobre um tema que já desenvolvi em A Lei do Desejo” (1987), acrescentou.

– No entanto, acho que precisei fazer os quatorze filmes anteriores para produzir este que acabam de ver – assegurou.

Em Nova York, Almodóvar está acompanhado dos protagonistas de Má Educação, Fele Martínez, Gael García Bernal e Javier Cámara, que estarão também com ele na homenagem de Viva Pedro!.

Fele Martínez louvou o trabalho de Almodóvar e contou como foi interpretar um diretor de cinema que, segundo disse, não tinha nada a ver com Almodóvar.

No filme, o personagem de Martínez, o diretor Enrique Goded, tem um romance com o ator Ángel Andrade, interpretado pelo mexicano García Bernal.

 – Há uma coisa que disse a ele: que eu nunca me deitei com um ator – acrescentou Almodóvar, entre os risos do público.

García Bernal, no entanto, reconheceu que seu trabalho em Má Educação foi muito duro, tanto física como psicologicamente, enquanto Cámara o considerou como “um presente”.