Lula quer novo Plano Marshall para salvar países em crise

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Publicado segunda-feira, 14 de junho de 2004 as 11:20, por: CdB

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou seu discurso na cerimônia de abertura da 11ª Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad XI), em São Paulo, defendendo a criação de um programa semelhante ao plano Marshall, que ao final da Segunda Guerra Mundial restabeleceu a ordem econômica na Europa, destruída e desestabilizada financeiramente pelos conflitos.

O presidente lamentou o fato de, quarenta anos após a criação da Unctad, os países em desenvolvimento não terem crescido de forma satisfatória. “Enquanto isso, os países desenvolvidos triplicaram seus negócios”, afirmou o presidente.

De acordo com Lula, nos últimos cinco anos, 55 países em desenvolvimento obtiveram menos de 5% de crescimento em suas economias. A renda per capita dos países mais pobres, por sua vez, continou girando em torno de US$ 260.

– O desenvolvimento que queremos não é automático – disse Lula, que defendeu a adoção do Sistema Geral de Preferências Comerciais como uma forma de criar uma nova geografia comercial no mundo. – A tarefa é gigantesca para superar as desigualdades. Só o comércio não é suficiente.

Entenda o Plano Marshall

Ao final da II Guerra Mundial os países europeus entraram em declínio, coincidindo com a ascensão dos Estados Unidos e da União Soviética. Winston Churchill, estadista britânico, foi o primeiro a perceber o perigo da ameaça comunista, iniciando fortes pressões para que o Ocidente encontrasse uma estratégia para deter o avanço soviético.

Em resposta a atitude britânica, o presidente norte-americano, Henry Truman, pronunciou em 12 de março de 1947, diante do Congresso Nacional, um violento discurso assumindo o compromisso de defender o mundo capitalista contra a ameaça comunista. Estava lançada a Doutrina Truman e iniciada a Guerra Fria que propagou para o mundo o forte antagonismo entre os blocos capitalista e comunista. Em seguida, o secretário de estado George Catlett Marshall anunciou a disposição dos Estados Unidos de efetiva colaboração financeira para a recuperação da economia dos países europeus.

Em junho de 1947, o secretário de Estado americano George Marshall lança as idéias básicas do Plano. Ele diagnosticava no desequilíbrio das trocas comerciais EUA-Europa e na conseqüente carência européia de dólares a fonte principal da crise econômica. Receitava um ambicioso programa de transferência de dólares de um lado para o outro do Atlântico Norte, através da concessão de fundos, créditos e suprimentos materiais a juros irrisórios.

O Plano, proposto a todos os países europeus e à URSS, previa estratégias econômicas continentais que teriam como resultado a recuperação da atividade econômica européia, a retomada de trocas equilibradas com os EUA e o retorno aos antigos fluxos comerciais intra-europeus, caracterizados pela troca de manufaturados do oeste por produtos agrícolas do leste. Além de consolidar o capitalismo na Europa Ocidental, o horizonte do Plano previa a reintegração da faixa de segurança soviética do leste na economia capitalista mundializada.