Lula e Kirchner vão discutir Alca e Mercosul

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Publicado quarta-feira, 11 de junho de 2003 as 12:47, por: CdB

Duas semanas depois de tomar posse e a poucos dias da reunião de cúpula do Mercosul, na próxima semana em Assunção, o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, desembarcou em Brasília nesta terça-feira para sua primeira viagem oficial.

O encontro começa com uma reunião privada entre Kirchner e Lula, às 11h30 desta quarta-feira, é seguido de uma reunião ampliada com a participação de ministros dos dois países e de um almoço, no Palácio da Alvorada. Às 15 horas, os dois presidentes fazem um comunicado conjunto à imprensa.

De acordo com o Itamaraty, a pauta do encontro será “ampla”, já que se trata da primeira visita de Kirchner ao Brasil depois de eleito. Mas as conversas sobre o fortalecimento do Mercosul e a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) devem dominar as conversas.

Com o início de recuperação na economia argentina este ano, depois de quatro anos de recessão, a balança comercial entre os dois países também começa a crescer.

Apoio dos EUA

Kirchner veio ao Brasil acompanhado da mulher, a senadora Cristina Fernandez de Kirchner, do chanceler Rafael Bielsa e do ministro da Economia, Roberto Lavagna.

Poucas horas antes de viajar ao Brasil, Kirchner recebeu em Buenos Aires a visita do secretário de Estado americano, Colin Powell, e teria pedido o apoio dos Estados Unidos para o adiamento dos prazos para pagameto da dívida argentina.

Com a visita ao colega brasileiro, Kirchner coloca em prática uma promessa de campanha de priorizar as relações com o Brasil e de só negociar a Alca através do Mercosul. Ele também retribui o gesto do presidente Lula, que fez ao país vizinho sua primeira viagem como presidente eleito.

A viagem serve ainda para agradecer o apoio de Lula durante a campanha, quando Kirchner foi recebido pelo presidente brasileiro ainda como candidato.

A eleição de Kirchner foi recebida com grande alívio em Brasília, já que o outro candidato, o ex-presidente Carlos Menem – que renunciou antes do segundo turno – se dizia favorável a uma negociação direta da Argentina com os Estados Unidos.

Tanto o governo argentino como o brasileiro consideram que o Mercosul deve participar unido das negociações para a Alca. “Quatro votos valem mais do que um”, dizem os que defendem esta estratégia.

Conselho de Segurança

Além das questões comerciais, os presidentes também devem discutir a antiga pretensão brasileira de ocupar uma vaga permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, que ganhou força no governo Lula.

Até agora, o Itamaraty tem conseguido incluir o apoio à candidatura brasileira em todas as declarações recentes de chefes de Estado que visitaram o país.

Como a Argentina também já teve pretensões a ocupar o mesmo posto, ainda não se sabe se a declaração conjunta dos dois presidentes – praxe neste tipo de encontro – vai incluir o apoio argentino à candidatura brasileira.

A última reunão bilateral entre Brasil e Argentina aconteceu no dia 14 de janeiro, quando Lula recebeu a visita do ex-presidente Eduardo Duhalde.