O presidente Luiz Inácio Lula da Silva adiou a reunião de coordenação de governo de domingo para esta segunda-feira. Serão tratadas as estratégias para minimizar os danos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios. Ainda nesta segunda, líderes da base aliada também têm encontro marcado sobre o tema.
Cientes de que dificilmente irão conseguir barrar a comissão, os líderes governistas partem para negociar uma aliança entre PT e PMDB no Senado, a fim de garantir a presidência e a relatoria da CPI e, dessa forma, tomar o controle das investigações. A idéia inicial é de que o presidente seja um petista – o indicado seria José Eduardo Cardozo (SP). O PMDB, que é o partido com mais representantes na comissão – sete dos 19 governistas pertencem à sigla -, ficaria com a relatoria.
Além dessa medida, o governo tenta ainda uma última cartada para barrar a CPI. Nesta terça-feira, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deve votar recurso do deputado João Leão (PFL-BA), que questiona a constitucionalidade da comissão. Porém será difícil ter sucesso nessa empreitada, já que o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), vetou previamente o pedido na quarta-feira. Além disso, uma eventual aprovação do mesmo teria de passar pelo crivo dos parlamentares, cuja maioria já se manifestou favoravelmente à instalação da CPI.
Percebendo a repercussão negativa que a comissão tem causado na opinião pública, o presidente Lula já se conformou com a inevitabilidade das investigações e, ao longo da semana, deve mudar o discurso, trocando as ameaças de retaliações a aliados favoráveis à CPI pela defesa da ética e transparência no governo. Porém, na prática, não abrirá mão de ter o máximo de controle sobre a comissão, a fim de evitar que as apurações atinjam outras estatais.