Lula cobra apoio de agentes econômicos e mercado responde

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Publicado sexta-feira, 22 de dezembro de 2017 as 18:38, por: CdB

Como se não houvesse a luta de classes em curso, acentuada no golpe de Estado de que foi vítima, com a queda de sua sucessora, a presidenta deposta Dilma Rousseff; Lula disse que a carta, “agora é para o povo mesmo”.

 

Por Redação – de São Paulo

Um tanto que esperando a inevitável vitória do pré-candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva, caso seja inocentado no julgamento dos desembargadores no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-IV), em 24 de Janeiro próximo, agentes dos principais investidores no mercado de capitais repercutiram, nesta sexta-feira morna nas bolsas de valores, a cobrança feita na véspera quanto ao apoio de parte da direita ao governo do PT.

O ex-presidente Lula cobra apoio do mercado financeiro à sua candidatura
O ex-presidente Lula cobra apoio do mercado financeiro à sua candidatura

— Esse mercado injusto nunca me agradeceu do tanto que ganhou. Nunca reconhecem que quando cheguei [no governo] a Bolsa tinha 11 mil pontos só. Quando saí, tinha 71 mil pontos. Nunca me agradeceram — reclamou o ex-presidente, na véspera, em conversa com jornalistas da mídia conservadora e blogueiros amigos, na capital paulista.

Como se não houvesse a luta de classes em curso, acentuada no golpe de Estado de que foi vítima, com a queda de sua sucessora, a presidenta deposta Dilma Rousseff; Lula disse que a carta, “agora é para o povo mesmo”. Referia-se a outra carta, daquela vez “aos brasileiros” mais poderosos. Foi dirigida, em 2002, pouco antes de sua primeira passagem pela Presidência da República, aos investidores internacionais. Nela, prometeu — e cumpriu, item por item —, respeitar todos os contratos e ampliar benefícios para o capitalismo; em especial, o setor financeiro.

Lulinha

— Eu não vou ser mais radical. Nem o radicalismo fica bem em mim. (…) Eu não preciso ser candidato para fazer o que eu já fiz. O gol que eu já fiz, eu já fiz. Eu quero fazer outro — disse Lula, aos jornalistas.

Operador de uma importante corretora de valores paulistana, que preferiu falar, francamente, sem que precisasse revelar sua identidade — “para não gerar mal entendidos” —, afirmou que “Lula nunca foi um perigo ao capital internacional”.

— Lula é a Lulinha, paz e amor. A questão dos investidores contra ele nunca foi o risco de deixar de ganhar dinheiro. Isso já estava precificado. Acontece que, sem ele, imaginaram ganhar mais. O que, de fato, está prestes a acontecer no governo do presidente (de facto) Michel Temer; caso ele consiga entregar tudo o que prometeu. Refiro-me à privatização da Eletrobras, da Petrobras e de empresas públicas brasileiras; passando pelas reformas estruturais. A trabalhista já foi entregue. Falta a previdenciária — disse.

Um voto

Para segmentos inteiros do mercado, se Lula fizer um gesto aos investidores, “até o Judiciário poderá passar a vê-lo como um ‘homem de bem”, acrescentou o corretor de valores. O diálogo foi aberto, há algumas semanas, na visita de executivos relevantes do mercado à presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR). A conversa ficou mais animada quando um deles comentou que, no TRF-IV, Lula teria, de imediato, um voto a favor do arquivamento do processo.

Na 8ª Turma, que julgará o processo contra o ex-presidente em segunda instância, estão os desembargadores federais Leandro Paulsen e Victor Luiz dos Santos Laus; além do relator, o desembargador federal João Pedro Gebran Neto. Bastaria mais um voto para liberar, de uma vez por todas, a candidatura do líder petista.