A mudança de última hora no local do comício em que o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, estará ao lado do candidato ao governo estadual do Rio Vladimir Palmeira, segundo militantes do partido, não alteraram a mobilização do evento previsto para cerca de 30 mil pessoas. Lula realizaria seu primeiro comício em território fluminense em Nova Iguaçu, mas a presença de parlamentares envolvidos com a máfia das ambulâncias preocupou os coordenadores de campanha, que preferiram levar o petista para um evento em Niterói. Nova Iguaçu foi citada no relatório da Operação Sanguessuga, da Polícia Federal, como um possível fogo de corrupção no Estado do Rio. O próprio empresário Luiz Antônio Vedoin, acusado de ser o chefe do esquema, apontou funcionários corruptos na adminisatração do prefeito Lindberg Farias, do PT.
Lindberg, no entanto, não se intimidou com as alegações de assessores do presidente Lula e garantiu presença no palanque do candidato, em Niterói, junto com militantes do partido e aliados da coligação. Os deputados federais Fernando Gonçalves (PTB), Reinaldo Gripp (PL) e Carlos Nader (PL), todos envolvidos nas investigações da PF, também disseram que pretendem comparecer à festa. A CPMI das Sanguessugas aprovou o relatório em que os três aliados do presidente, todos acusados por Vedoin, foram citados como integrantes da máfia das ambulâncias e deveriam ter o mandato cassado no Plenário da Câmara.
A versão oficial para a mudança de endereço, no entanto, foi transmitida no final da noite desta quinta-feira pelo próprio prefeito de Nova Iguaçu, que alegou uma série de empecilhos para a realização do comício em seu município.
– Falei para o Vladimir que não conseguiria organizar. Ligamos para o Godofredo, que topou. Isso na terça-feira, às 11h – disse Lindberg a jornalistas, após negar que a transferência do evento tenha qualquer ligação com a presença de possíveis sanguessugas.
Entrevista
Após ter sido citado pelo presidente Lula, na entrevista concedida ao telejornal noturno da TV Globo, Jornal Nacional, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, admitiu nesta sexta que realmente foi afastado do cargo pelo chefe do Executivo. Lula afirmou que, na qualidade de presidente da República, caberia a ele os erros cometidos em seu governo por qualquer funcionário público e que, por isso, afastou tanto José Dirceu quanto o ministro da Fazenda, Antônio Palocci.
– Eu sou o presidente da República e, se eles (servidores públicos) cometeram algum erro, direta ou indiretamente, eu tenho responsabilidade de agir. Quando fico sabendo, eu puno afastando. Faço sindicância e as pessoas são investigadas de acordo com a lei. Eu afastei o José Dirceu, eu afastei o Palocci e afastei outros funcionários que estavam envolvidos. Todos os envolvidos, do primeiro e segundo escalão, foram afastados, e vou continuar afastando – disse o presidente ao ser indagado sobre irregularidades nas quais estiveram envolvidos integrantes do seu governo.
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu deixou o governo em junho de 2005, alegando que se afastava para provar sua inocência. Ele teve o mandato cassado quase seis meses depois. No caso do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa o levou a entregar em 27 de março uma carta solicitando afastamento do cargo, de acordo com a versão oficial da época.
Resposta
Em sua página, na internet, o ex-ministro José Dirceu publicou, nesta sexta-feira, sua resposta às citações:
“A primeira imagem que ficou é de um presidente muito tenso. Trocou várias palavras, ética por corrupção, milhares por milhões e salário por inflação – este último equívoco corrigiu a tempo, até porque ele é o presidente do emprego e do aumento dos salários, com controle da inflação e queda dos juros nominais (ainda que o real ainda seja o maior do mundo)”, diz ele na