Lista negra da ONU sobre terroristas é desafio para Interpol

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Publicado segunda-feira, 10 de janeiro de 2005 as 18:59, por: CdB

Os países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) deveriam ser obrigados a compartilhar com a Interpol informações sobre suspeitos de terrorismo a fim de facilitar o trabalho da agência em fazer vigorar uma lista negra elaborada pela entidade mundial, disse um dirigente da força policial.

Ulrich Kersten, um ex-chefe de polícia da Alemanha que começou a trabalhar como representante especial da Interpol junto à ONU em outubro, depara-se com a difícil tarefa de aproximar as duas entidades internacionais na luta contra o terrorismo.

“Estou encontrando um grande interesse da ONU em cooperar com a Interpol”, afirmou Kersten durante uma entrevista concedida à Reuters.

Mas o tamanho do desafio torna-se claro quando se trata de investigar 320 pessoas e 115 entidades constantes de uma lista negra da ONU com membros e associados da rede Al Qaeda, de Osama bin Laden, e do Taliban.

As pessoas presentes nessa lista — desde o próprio Bin Laden a nomes desconhecidos que não contariam nem mesmo com mandatos de prisão — estão proibidas de viajar e de portar armas. Os países-membros da ONU ainda têm a obrigação de congelar os bens delas.

Mas Kersten reconheceu haver uma distância grande entre a vontade política da ONU e o trabalho policial do dia-a-dia.

“A proibição de viajar, por exemplo, é algo que só pode ser implementado se houver leis nacionais correspondentes”, disse.

Tais leis não existem em alguns países da Europa, como a Alemanha, cujos cidadãos estão livres para viajar pela maior parte do continente sem se submeter a controle nas fronteiras.

“Também há dificuldades quanto à proibição de portar armas. Não há uma estrutura mundial capaz de implementar tal lei”, afirmou Kersten.

O congelamento de bens financeiros, por outro lado, mostrou-se mais complicado que o previsto e não foram encontrados tantos bens quanto se pensava, acrescentou.

Kersten também se preocupa com a possibilidade de países-membros acrescentarem nomes à lista sem precisar apresentar evidências detalhadas sobre essas pessoas e informações à Interpol.

“Não podemos adotar uma ação e usar nossos agentes se não temos as informações necessárias. Isso é óbvio. Pode ser que a Interpol tenha informações adicionais sobre essa pessoa ou grupo e poderia haver, então, uma união de forças”, disse.