Líderes do Hamas juram vingança contra Israel

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Publicado domingo, 18 de abril de 2004 as 17:55, por: CdB

Centenas de milhares de palestinos pediram vingança neste domingo pela morte do líder do Hamas, Abdel-Aziz al-Rantissi, morto por mísseis israelenses mesmo com o plano do Estado judeu de sair da Faixa de Gaza, fortaleza do grupo.

A ala militar do Hamas prometeu “100 retaliações” por Rantissi, 56, segundo líder do grupo militante muçulmano morto por Israel em menos de um mês. O xeique Ahmed Yassin morreu em um ataque com mísseis em 22 de março.

O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, elogiou o Exército pelo ataque com helicóptero no sábado contra o carro de Rantissi, líder político do Hamas em Gaza, e prometeu que seu país continuará combatendo o terrorismo.

Sharon disse ao seu gabinete que a morte do líder é parte da estratégia de retirada unilateral de Gaza, ocupada por Israel desde a guerra de 1967 no Oriente Médio, e para manter os ataques a militantes.

O corpo de Rantissi foi carregado em uma maca e envolto em uma bandeira verde do Hamas. Palestinos beijavam sua face marcada por estilhaços e outros jogavam pétalas de rosas no corpo. O ar foi balançado quando quatro caças de Israel passaram.

– O sangue de Yassin e de Rantissi não será desperdiçado. Seu sangue forçará a erupção de novos vulcões – gritou um militante. Milhares cantaram “Vamos sacrificar nossas almas e nosso sangue por Rantissi”.

Rantissi, pediatra egípcio que apóiava abertamente a violência contra Israel, morreu quando dois mísseis atingiram seu carro horas depois de um atentado suicida que matou um soldado israelense em Erez, no norte de Gaza. Rantissi foi enterrado no Cemitério de Mártires de Gaza.

O Hamas não conseguiu até agora realizar um ataque em grandes proporções que prometeu para vingar a morte de Yassin.

Frente à ameaça israelense de acabar com seus líderes, o Hamas disse que nomeou o sucessor de Rantissi, mas que manterá sua identidade em segredo. Fontes palestinas especularam que o novo líder será Mahmoud al-Zahar ou Ismail Haniyah.

A morte de Rantissi inflamou a ira palestina, já ressaltada pela declaração do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, na semana passada, apoiando o plano de retirada de Sharon – que também deixará Israel com o controle de partes da Cisjordânia onde os palestinos querem formar um eventual Estado.

Surgiram protestos contra o assassinato de Rantissi na Cisjordânia, em cenas que relembraram o início do levante, há mais de três anos e meio. Tropas israelenses usaram gás lacrimogêneo e balas de borracha contra palestinos que atiravam pedras.

“Um crime”

– Sem dúvida é um crime. Infelizmente, os israelenses sentem que são apoiados pelo governo dos Estados Unidos – disse o primeiro-ministro palestino, Ahmed Qurie.”

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, criticou a morte de Rantissi, afirmando que isso pode levar a mais violência no Oriente Médio. A União Européia e a Rússia também condenaram.

A ONU, a UE, a Rússia e os EUA formam o “Quarteto” de negociadores que criaram o mapa de caminhos para a paz no Oriente Médio. Mas algumas autoridades sentem que a declaração de Bush na semana passada colocou de lado outros membros do grupo.

Os EUA negaram ter dado luz verde para Israel.

Em seu primeiro comentário público sobre o assassinato, Sharon disse que “a política é um esforço de um lado para progredir no processo diplomático e, do outro, atingir as organizações terroristas e aqueles que as lideram”.

Rantissi era visto como uma pessoa especialmente linha dura no grupo que matou centenas de israelenses em atentados suicidas e que jurou destruir Israel.

Em Gaza, tropas mataram um palestino armado perto de um assentamento judaico, prevenindo uma tentativa de ataque, disse o Exército.

A facção Brigadas de Mártires de Al Qaeda disse que enviou o militante como a primeira resposta à morte de Rantissi.

Israel matou Rantissi três dias após Sharon te