Lessa deixa o BNDES em meio a críticas

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Publicado quinta-feira, 18 de novembro de 2004 as 14:01, por: CdB

O economista Carlos Lessa foi afastado, na manhã desta quinta-feira, da presidência do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social. Ele foi substituído pelo ministro do Planejamento, Guido Mantega, que assume a partir de agora a condução dos negócios em curso no BNDES. Ao sair de cena, Lessa conclui um processo de desgaste iniciado há cerca de 90 dias. Embora o banco esteja subordinado ao Ministério do Desenvolvimento, nem sempre Lessa repassava informações vitais sobre suas ações para o ministro Francisco Furlan, que chegou a reclamar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre este comportamento. O próprio presidente Lula chegou a cobrar, há cerca de um mês, maior agilidade do BNDES na liberação de recursos para o desenvolvimento.

Nesta quarta-feira, o líder do governo no Senado, Alozio Mercadante (PT-SP), já havia conversado sobre o assunto com Lessa. Outros integrantes do governo também procuraram o economista na noite desta quarta-feira para lhe avisar que sua situação no cargo era insustentável, pois se transformara em “um problema para quem o apoiou dentro do governo”, disse um alto funcionário do banco, que prefere o anonimato.

Lessa não fez questão, em nenhum momento, de evitar polêmica durante a sua gestão. Assessores ligados ao Planalto comentaram, nesta manhã, que seu maior pecado foi tornar públicas as divergências com a equipe econômica. O fraco desempenho na condução do BNDES, neste segundo ano de governo, quando a economia brasileira demonstrou sinais claros de crescimento, setores do governo esperavam maior empenho do banco para alavancar mais investimentos por parte do setor produtivo.

O último e mais pesado embate de Lessa, amigo da economista e uma das fundadoras do PT Maria da Conceição Tavares, aconteceu contra o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Ele o caracterizou como “um regente de orquestra para desmontar o BNDES”. Lessa também comparou o trabalho de Meirelles no BC como “um pesadelo”.