Leonel Brizola morre aos 82 anos

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Publicado segunda-feira, 21 de junho de 2004 as 21:51, por: CdB

Ex-governador do Rio Grande do Sul, do Rio de Janeiro e presidenciável, morreu na noite desta segunda-feira, em um hospital na Zona Sul do Rio, Leonel Brizola, aos 82 anos.

Nota divulgada pelo PDT: “O presidente nacional do PDT e grande líder trabalhista brasiliero, Leonel de Moura Brizola, não resistiu a uma parada cardíaca que teve esta noite e acaba de falecer. Ele estava na Clínica de Saúde São Lucas, em Copacabana, no Rio de Janeiro desde o meio da tarde desta segunda-feira, 20/06, submetendo-se a uma bateria de exames, depois que contraiu forte gripe em sua última viagem ao Uruguai, de onde chegou na útima quinta-feira.”

Biografia

Brizola nasceu em 22/01/1922, no povoado de Cruzinha, antes pertencente ao município de Passo Fundo, e hoje a Carazinho). Estudante de engenharia, ingressou no recém-fundado Partido Trabalhista Brasileiro- PTB -, em agosto de 1945, para apoiar a política social de Getúlio Vargas.

Era um universitário atípico, uma vez que a maioria de seus colegas era comunista ou udenista. Provavelmente porque ele vinha de uma dura vida – infância pobre, trabalhando para estudar – que o identificava com a classe trabalhadora. Atípico, também, porque, já alcançando êxito naquela idade, não aderia aos ideais das elites e até se orgulhava de sua origem popular.

Ainda estudante, Brizola foi eleito Deputado Estadual e se fez uma das principais vozes da classe trabalhadora na Assembléia Constituinte do Estado do Rio Grande do Sul. Seu casamento, em 1950, com Neuza, Irmã de Jango, o aproximou de Getúlio, que aliás foi o padrinho da cerimônia.

Assim é que, quando Getúlio saiu na sua memorável campanha eleitoral pelo Brasil adentro, levou consigo, como assessores, a Jango, Brochado da Rocha, e a Brizola, que eram chamados o “Jardim da Infância” do Presidente.

No curso dessas lutas, Brizola cresceu e se afirmou como principal líder brasileiro de esquerda. Como tal, convocou as forças progressistas a se unirem a ele, numa Frente Nacional de Libertação, para as lutas anti-imperialistas de combate à espoliação estrangeira e ao latifúndio improdutivo. Tal era então seu prestígio que , mantendo-se no governo do Rio Grande do Sul, se candidatou a Deputado Federal pelo Rio de Janeiro, alcançando a maior votação registrada na história brasileira.

Líder popular

No Parlamento, Brizola se tornou o líder das esquerdas e o principal coordenador do grupo de pressão sobre Jango na consecução das reformas de base, principalmente a reforma agrária, que a seu ver devia ser feita “na lei ou na marra”. Articulou a Frente de Mobilização Popular, integrada pela Frente Parlamentar Nacionalista, pela UNE e pela CGT, e apoiada pelas principais lideranças de esquerda, inclusive por Prestes, Arraes e Julião. Surgiu, assim, o que Santiago Dantas chamou de “esquerda negativa”, para contrastar a combatividade das forças lideradas por Brizola, com o caráter persuasório do movimento que apoiava o Presidente João Goulart na sua política de reformas.

Desde então, as forças progressistas se bipartiram. De um lado, o governo lutava pelas reformas fundamentais que considerava possíveis, e que eram vistas pela direita como tão avançadas que a unificavam e lançavam no golpismo contra revolucionário. Do outro lado, Brizola utilizava intensa e vivamente o rádio e percorria todo o Brasil em pregações, mobilizando o povo para forçar as reformas estruturais. Simultaneamente, organizava seus seguidores em “Grupos de Onze”, semelhantes às células comunistas, estruturando-os em seus locais de moradia e de trabalho para o ativismo político radical.

Nesse ambiente é que se desencadeou o golpe militar de 1964. Jango o enfrentou pelo diálogo, negociando com os chefes militares, mas negando-se a dar ordem de combate contra as forças sublevadas. Brizola articulou no Rio Grande do Sul um movimento de resistência armada, ao lado d