A atriz norte-americana Kirsten Dunst, que está na Espanha para divulgar Elizabethtown, seu filme mais recente, acha que o problema de Hollywood são os roteiristas, que em sua maioria, são homens e não escrevem bons roteiros para mulheres.
Kirsten, que esteve em Madri na quarta-feira com o diretor e roteirista do filme, Cameron Crowe, contou que às vezes recusa roteiros interessantes porque acha que o papel feminino soa falso, não foi bem escrito, bem torneado.
– Em Hollywood, os roteiristas são em sua maioria homens, e isso é um problema porque muitos têm dificuldade em escrever papéis autênticos para mulheres – explicou a protagonista de As Virgens Suicidas.
Mas Kirsten, estrela do próximo filme de Sofia Coppola, Maria Antonieta, acha que esse não é o caso de Elizabethtown, no qual ela faz par com Orlando Bloom.
Kirsten começou a trabalhar no cinema ainda criança, em Entrevista com o Vampiro. Ela acha que o fato de ter feito filmes como Homem Aranha lhe proporcionou a opção de escolher seus trabalhos seguintes com mais cuidado.
Cameron Crowe, diretor de Quase Famosos e Jerry Maguire, faz, no novo filme, um relato autobiográfico sobre um rapaz que, depois de fracassar em sua profissão e chegar à beira do suicídio, recebe a notícia da morte de seu pai.
A viagem à cidade natal deste, no Kentucky, vai lhe permitir conhecer seu pai e suas raízes.
– Era um desafio converter um filme romântico em roadmovie – declarou Crowe em entrevista concedida em Madri.
No filme, ele reproduz parte de uma viagem de carro que ele próprio fez após a morte repentina de seu pai.
Crowe, que ganhou um Oscar de melhor roteiro original por Quase Famosos, atribui grande importância à música em seus filmes. Com ela, tenta transmitir a idéia de um sentimento.
Quando filma, ele carrega na mão um caderno com todas as cenas, onde vai anotando as canções que lhe parecem apropriadas para cada uma.
– Depois, na montagem, eu as experimenta, e se, nesse momento, elas não ficam bem, é quando o eu penso ‘vamos levar horas até que ele encontre a música certa…’ – ironizou o diretor.
Entretanto, na entrevista em Madri, ele disse que vai usar menos música em seus próximos filmes e tentar empregar outros recursos narrativos, como os silêncios.
Com relação ao tipo de cinema que se faz em Hollywood atualmente, Cameron Crowe acha que o público precisa continuar mostrando seu apoio a outro tipo de filme, nas bilheterias, não apenas aos filmes de ação com pouco diálogo.
Para ele, esse tipo de filme é visto por alguns executivos o setor como “cinema global” e uma maneira mais segura de recuperar seu investimento.
– É preciso continuar apoiando outros tipos de filmes para que os executivos saibam que existe um público que gosta de filmes feitos com o coração, filmes que sejam pessoais, mais intimistas – concluiu o diretor.