Kevin Bacon não entende reações às cenas de sexo de seu filme

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Publicado sexta-feira, 13 de maio de 2005 as 15:44, por: CdB

Um thriller sobre duas celebridades de Hollywood, ambientado na década de 1950, pode enfrentar problemas com a censura americana contemporânea. Mas seu diretor, Atom Egoyan, e ator principal, Kevin Bacon, não entendem as razões dessa reação exagerada.

Kevin Bacon, o outro ator principal, Colin Firth, e o diretor Egoyan disseram na sexta-feira ter se surpreendido com o destaque dado pela mídia às cenas de sexo e orgias de Where the Truth Lies, sobre dois atores cujas carreiras despencam depois que uma bela mulher é encontrada morta em sua suíte de hotel.

– Uma das coisas que chamam a atenção neste filme é que, quando fazemos sexo, estamos nus, e isso incomoda as pessoas – disse Bacon em coletiva de imprensa concedida no Festival de Cinema de Cannes após a estréia mundial do filme, quando indagado se receia a ação dos censores americanos.

– Pessoalmente, costumo continuar parcialmente vestido, mas não sei quanto ao resto de vocês – acrescentou o ator, suscitando risos.

– É uma pena que as pessoas achem isso tão perturbador. Para mim, as cenas de sexo do filme são extremamente apropriadas.

Atom Egoyan é um dos diretores favoritos de Cannes, onde, nos últimos 11 anos, exibiu cinco filmes. Ele disse que não há cenas de sexo explícito em seu drama fictício sobre dois artistas populares cujo apetite por drogas, álcool e mulheres é insaciável.

– Eu quis criar um mundo inebriante – disse o cineasta canadense de 44 anos.

– Eles podiam tomar tantas drogas quanto quisessem, fazer quanto sexo quisessem. Era um ambiente sem limites.

Mas, indagado se teme que os organismos censores, como o Conselho de Classificação e Censura da Associação das Produtoras de Cinema da América, possam dar a seu filme uma classificação proibida para menores de 18 anos, o que o prejudicará em termos comerciais, Egoyan respondeu:

– Nunca penso nos censores. É provável que tenhamos problemas. Mas sabemos muito bem o que pretendemos com o filme. Estou surpreso com essa ênfase dada ao sexo, em lugar da violência. Parece que as pessoas são obcecadas por sexo. Isso é essencial para a história.
 
Kevin Bacon e Colin Firth representam dois artistas cujas proezas no palco e em maratonas de televisão lembram vagamente um estilo de comédia, canto e dança como o de Dean Martin ou Jerry Lewis. A história se passa em 1959. Mas, depois que uma bela mulher é encontrada morta na banheira de sua suíte no hotel, após uma sensual “ménage à trois”, a reputação dos artistas sai gravemente arranhada e suas carreiras chegam ao fim, apesar de nenhum dos dois ser acusado do crime.

Então a história avança 15 anos, para o início dos anos 1970, quando uma jovem jornalista que investiga as razões da separação da dupla descobre a verdade surpreendente sobre o assassinato.

Bacon e Firth representam os papéis das celebridades envelhecidas com grande brilho.

– Nem tenho coragem de pensar no futuro depois de fazer um filme como este – disse o britânico Firth, conhecido principalmente como o desajeitado escritor apaixonado por René Zellweger em Bridget Jones.

– Eu já era famoso há 15 anos e continuo famoso hoje – disse Bacon.

– Vou fazer figas para tudo continuar assim.

Indagado como foi representar um “bissexual tarado e consumidor de drogas” no filme, Firth respondeu:

– É um papel que não é tão estranho para a maioria dos atores. Já representar O Senhor do Castelo de Derbyshire’, por exemplo, exige muito mais pesquisa. Eu me sinto bem à vontade fazendo este tipo de drama.