Justiça condena 35 alimentos em Escolas do Rio

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Publicado terça-feira, 29 de junho de 2004 as 20:57, por: CdB

As cantinas de escolas privadas estão ficando mais saudáveis na cidade do Rio de Janeiro. A Primeira Vara da Infância e da Juventude publicou uma lista com 35 alimentos que devem ser banidos das escolas. Entre eles estão os refrigerantes, os sucos artificiais, os biscoitos recheados, os salgadinhos e os hambúrgueres.

Por enquanto não há proibição, pois a listagem foi apenas recomendada. No entanto, a partir de março uma portaria assinada pelo juiz Siro Darlan, titular da Primeira Vara da Infância e da Juventude, fará com que as escolas que não se enquadrarem sejam penalizadas.

A listagem, com os produtos condenados, foi confeccionada pelo 4º Conselho de Nutrição do Rio de Janeiro e pelo Instituto de Nutrição Annes Dias, o mesmo que em 2002 auxiliou a Prefeitura do Rio em uma ação semelhante, frente às escolas municipais.

A SBEM Rio já sinalizou que pretende juntar esforços em prol do projeto. Segundo a vice-presidente da Regional Rio, Maria Alice Bordallo, uma reunião está marcada para o dia 2 de março com representante do Instituto de Nutrição. “Queremos dar apoio ao movimento. Nossos interesses são os mesmos”.

A própria SBEM pôs em prática, no ano passado, em Pernambuco e no Distrito Federal uma campanha intitulada Escola Saudável, que teve como co-autores representantes do Ministério da Saúde, do Ministério da Educação e da OPAS.

A nutricionista Inês Rugani, Diretora da instituição, defende a atitude, lembrando que as crianças do ensino fundamental ainda estão construindo seu poder de discernimento. “Às vezes, proibir é proteger”, avalia. Ela ainda lembra que a intenção não é afastar esses alimentos da vida dos alunos. “Estamos regulamentando o ambiente escolar. Se a criança tem refrigerante em casa, com certeza consumirá menos do que na escola”.

Reação na Volta às Aulas

No Instituto Metodista Bennett, tradicional escola da Zona Sul carioca, que possui um quadro de 900 alunos, a reportagem da SBEM Online pode conferir de perto a crítica da nutricionista aos hábitos alimentares dos estudantes. Alunos da quarta série, todos na faixa etária dos 10 anos, foram ouvidos durante um intervalo das aulas. A pedido da direção, eles não serão aqui identificados.

O primeiro aluno a ser entrevistado lanchava um refrigerante e um sanduíche de hambúrguer. A instituição de ensino ainda não havia providenciado as modificações, embora já estivesse fazendo reuniões com os cantineiros. Outras escolas do Rio já colocaram em prática a lista de alimentos proibidos.

Esse estudante acredita que todos os seus colegas vão ficar chateados com a mudança. “Mas é pela saúde”, ponderou. Outro aluno comemorou o fato de a proibição não chegar aos supermercados, assim poderia tomar refrigerante em casa. Entretanto, ressaltou que sua mãe só compra refrigerantes nos fins-de-semana. Um outro quis saber: “nós vamos ter que comer legumes nos lanches?”

Para o professor João Bértalo Alves, diretor do colégio, a reação negativa é natural. “O processo começou agora. Fizemos uma reunião com eles, mas eu vou passar de sala em sala. É uma questão cultural. Nós, brasileiros, importamos muito da cultura americana”.

Ele acha que, com o tempo, as crianças vão se acostumar, o que vai acabar gerando bons resultados. “Há certas coisas que vale a pena provocar uma discussão.” Professor há 15 anos na mesma instituição, João Bértalo ratifica os índices sobre o aumento da obesidade em crianças na faixa etária escolar. “Não é preciso ir longe, basta olhar para o pátio no horário do intervalo”.

No Colégio Nossa Senhora de Lourdes, em Vila Isabel, Zona Norte da cidade, a reação foi muito boa. A escola adotou o novo estilo na cantina logo no primeiro dia. Segundo a diretora, irmã Maria Carmem Andrade, foram feitas reuniões com os professores e alunos explicando a novidade e valorizando a iniciativa.

“Até que o suco é bom”, comentou o aluno André Lazuroz para a reportage