Julgamento de Suzane e Cravinhos entra no segundo dia

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Publicado terça-feira, 18 de julho de 2006 as 11:05, por: CdB

O julgamento de Suzane Von Ricthofen e dos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos – acusados de planejar e executar o assassinato do casal Manfred e Marísia Von Richthofen – entra no segundo dia nesta terça-feira. A sessão começou, na segunda-feira, com os depoimentos dos três réus.

Contradições e acusações mútuas marcaram os interrogatórios. O advogado dos irmãos, Geraldo Jabur, chamou Suzane de mentirosa, após seu interrogatório, e pediu uma acareação entre os três réus. A acareação deverá ser decidida pelo juiz Alberto Anderson Filho, presidente do 1º Tribunal do Júri, no fórum da Barra Funda (zona oeste de São Paulo).

Daniel assumiu ter matado o casal sozinho e isentou o irmão de participação no crime. Em seu depoimento, o rapaz, que namorava Suzane na época do crime, tentou desmoralizar a família Richthofen. Disse que a filha do casal era agredida e vítima de abuso sexual. Afirmou, ainda, que era de conhecimento de todas as pessoas que conviviam com os dois que Suzane tinha péssima relação com os pais.

Suzane, a última a depor, afirmou que foi induzida pelo ex-namorado. A versão segue a estratégia anunciada pela defesa, de coação moral, ou seja, de que ela foi pressionada por Daniel para participar do crime, sob pena de perdê-lo.

Depoimentos

Daniel e Cristian surpreenderam ao mudar a versão do crime apresentada durante o inquérito policial. Inicialmente, os dois afirmavam que cada um havia desferido golpes contra uma das vítimas. Nesta segunda, diante dos jurados, os irmãos sustentaram que apenas Daniel golpeou o casal.

Os relatos dos irmãos apresentaram também uma contradição. Enquanto Daniel disse que Suzane foi à porta do quarto onde os pais acabavam de ser mortos e entregou a ele toalhas, uma jarra de água e sacolas plásticas para cobrir o rosto de Manfred e de Marísia, Cristian, por sua vez, afirma ter descido ao primeiro andar da casa para pegar os objetos com Suzane.

Os desencontros na descrição deste momento do crime apareceram ainda no inquérito policial. O esclarecimento é importante porque, na argumentação do Ministério Público, o fato de Suzane ter se preocupado em ver os corpos dos pais sobre a cama fala bastante sobre a personalidade dela.

Já o interrogatório de Suzane foi marcado por sua tentativa de convencer os jurados sobre seu total desconhecimento do plano, que ela atribui a Daniel e a Cristian, de matar o casal. Outra característica marcante foram os bate-bocas entre o juiz, Alberto Anderson Filho, o advogado dos Cravinhos Geraldo Jabur, e o advogado de Suzane Mauro Octávio Nacif.

Suzane disse ao júri que Daniel usou o consumo excessivo de maconha – um costume que ela diz ter adquirido com ele – para conduzi-la nas etapas do crime. Disse ter levado os Cravinhos para a casa sem saber do plano de matar o casal e diz ter apenas obedecido às ordens do então namorado ao entrar para checar se os pais estavam dormindo e ao acender uma luz do corredor, em frente ao quarto.

– Eu desci assustada, sem saber o que estava acontecendo direito. Era uma sensação estranha, um aperto no peito – relatou Suzane.

Mentirosa

Os ânimos se exaltaram no final da sessão. Jabur chamou Suzane de mentirosa durante o interrogatório e pediu uma acareação entre os três réus.

Jabur também reclamou das supostas regalias concedidas a Suzane durante sua fala, como posicioná-la de frente para os jurados, para que eles mantivessem contato visual; e ouvi-la depois dos dois irmãos. Os advogados de Suzane ainda puderam rejeitar as três primeiras pessoas sorteadas para integrar o júri.

O jeito autoritário e debochado de Nacif irritou a defesa dos Cravinhos e arrancou risos do juiz e da platéia.

Virgindade

De acordo com Suzane, ela perdeu a virgindade com Daniel, no dia do aniversário dele, na casa dos Cravinhos.

– Ele saiu do banho de toalha e