Jornais dizem que destino de Lula no governo é incerto

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Publicado segunda-feira, 11 de julho de 2005 as 09:33, por: CdB

O diário britânico The Guardian diz nesta segunda-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “pode estar saindo, algo impensável somente um mês atrás”. A reportagem do jornal afirma que a grave crise política no Brasil “ameaça o futuro de Lula, que pode abrir mão de sua liderança no PT em favor do ministro da Fazenda”, Antonio Palocci. A reportagem afirma que tal rumor está circulando em Brasília.

O diário espanhol El País afirma que Lula está “agüentando a tempestade”. O jornal lembra que “falta um ano para as novas eleições presidenciais, e há duas semanas Lula parecia que iria ganhar sem problemas”. Mas a reportagem afirma que, com as acusações de corrupção dentro do PT e “altos cargos caindo um atrás do outro”, o futuro de Lula é incerto. “O presidente está no centro da tempestade e tenta não se molhar. Mas está cada vez mais difícil”, afirma o texto.

Para o jornal britânico Financial Times, “a sobrevivência política de Lula, o primeiro presidente da classe trabalhadora eleito (no Brasil) e um ícone da esquerda da América Latina, é incerta”. O FT cita uma pesquisa realizada pela revista Veja desta semana, segundo a qual 55% das pessoas acham que “Lula sabia de alguma coisa sobre o mensalão”.

Como informa o jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira, a oposição vai exigir que Lula explique na Justiça o investimento de R$ 5 milhões da Telemar na produtora Gamecorp, que tem como um dos sócios Fábio Luis Lula da Silva, 28 anos, filho do presidente. O secretário-geral do PSDB, deputado Bismarck Maia (CE), afirmou que o tema será tratado na reunião da Executiva Nacional do partido, nesta terça-feira:

– Se o caso Waldomiro tinha o viés administrativo, agora há um viés familiar. O gabinete agora é o quarto ao lado.

A Telemar pagou R$ 2,5 milhões para adquirir 35% das ações da Gamecorp e outros R$ 2,5 milhões para ter exclusividade sobre o conteúdo produzido. O capital social total da Gamecorp é de R$ 5,2 milhões. A empresa de auditoria DBO Trevisan, que tem como principal sócio Antoninho Marmo Trevisan, amigo de Lula e membro do Conselho de Ética Pública da Presidência da República, foi a intermediária das negociações.

– A Telemar não é uma empresa privada comum, é uma concessionária de serviço público. O Trevisan é um auditor e pior que ser amigo do presidente é o fato que auditor tem de auditar, não fazer negócio. É muito grave – disse o deputado federal José Carlos Aleluia (BA), líder do PFL na Câmara.

O deputado ACM Neto (PFL-BA), que integra a CPI dos Correios, afirmou que “mais cedo ou mais tarde isso será trazido para a CPI”. Ele também sugeriu a investigação da suposta relação da direção da Telemar com o publicitário Marcos Valério de Souza.